Canutama, SUL DO AM – Indígenas, quilombolas e nativos estabelecidos, nesta parte da Amazônia Brasileira, pelo menos, há centenas de milhares de anos continuam sendo as maiores vítimas da violência e assassinatos de autoria de migrantes oriundos do lado rondoniense e região.
Os números não são oficiais, mas, os crimes são atribuídos a madeireiros, fazendeiros e a supostos agricultores que se vale do vazio do solo nos municípios de Canutama, Humaitá, Lábrea, Apui e Manicoré, a maioria cobiçada por sulistas, sudesinos e do Centro Oeste brasileiro.
– A disputa começa com a chegada deles, sedentos por terra à qualquer preço, denunciam nativos do sul de Canutama ao longo da BR-319, moradores dos quilômetros 11, 13, 17, 22, 27, 32, 33 até o 114, o famoso Ramal do Índio e do Distrito de Realidade, este próximo á cidade de Humaitá.
Nas ocupações irregulares ao longo das BR-319 e 364, cortadas ainda no Governo Militar, é onde se concentra o maior número das ocorrências atribuídas a conhecidos criminosos por estupros de vulneráveis, homicídios e usurpação de terras de quem “pretende se dá bem no lado amazonense, justamente porque o Estado não está presente na divisa de Rondônia, Amazonas e Acre, afirma Francisco João de Souza, 73, conhecido como “Seu Joãozinho dos Cachorros”.
Segundo pesquisa deste site de notícias, a Polícia Federal prendeu vários elementos que integravam o narcotráfico, homiziado em uma das fazendas de um sulista à altura do quilômetro 56, a 20 da vila-sede do Distrito de Açuanópolis, região Sul deste Município.
Foi nesta parte da BR-319, que, também, foi preso o assassino de um Oficial de Justiça de Rondônia. Mais tarde julgado e condenado. Porém, assassinado com requintes de violência dentro de um presídio na Capital Manaus. De alcunha Nelson Sementinha (ele acreditava que toda vida que tirava, com o sangue espalhado ao chão, nasceria uma nova vida no local), ele foi acusado também de outros crimes, como o de uma estudante, filha do agricultor apelidado de Mineirinho, morador do quilômetro 45, na BR-319.
Num rápido retrato do mapa da violência na região Sul do Amazonas, passando por Porto Velho aos distritos da Ponta do Abunã (Jaci-Paraná, Extrema, Vista Alegre do Abunã, Vila do Abunã até Califórnia), constata-se, contudo, que, “a maioria dos crimes não têm participação de nativos nos episódios”, afirma a acadêmica Francisca da Silvam, 56 anos.
Segundo ela disse, “a autoria, na parte maior das qualificações, é de procurados da Justiça do Sul, Sudeste, Centro Oeste e do Nordeste”. Corroborando com esses números, há registros da participação de ex-delegados de Polícia, policiais militares, políticos, profissionais liberais e conhecidos narcotraficantes que lideram supostas milícias entregues ao comando de vaqueiros, guaxebas (jagunços) e estrangeiros ilegais no País.
Os números de homicídios verificados na região das fundiárias dos distritos da Ponta do Abunã no Sul do município de Lábrea, na divisa de Rondônia com o Acre, além dos ocorridos em vilarejos ilegais em terras invadidas de Canutama, “não são oficiais e exprimem o vazio que se tornou o Sul do Amazonas no tocante à presença do Estado”, denuncia este Repórter com mais de 42 anos de atuação.
Em virtude da facilidade que encontram terras, muitas das quais, “arrancadas à força de nativos vulneráveis, ao sabor de rimes de mando, entre os quais, destaca-se od incêndios criminosos de barracos, derrubada ilegal, voraz e feroz da floresta em pé por séculos ou mesmo por ameaças de morte”, é que madeireiras e fazendeiros fazem do sul de Canutama e Lábrea “um grande corredor a lei é ditada pelo latifúndio e o narcotráfico vindo do lado rondoniense, ainda hoje não combatido pelas autoridades amazonenses e do País”, atesta o Repórter.
Enquanto o vazio deixado pelos governos do Acre, Rondônia e Amazonas, respetivamente, perdurar a berço esplêndido sob a direção de verdadeiras quadrilhas, envoltas ao agro-negotóxico (mistura de agronegócio e narcotráfico), acredita o Repórter me tela, indígena e quilombolas e nativos que tocam pequenas propriedades, “perderão tudo o que conquistaram através da cessão de herdeiros e por força da atuação do Programa Terra Legal”.
Com dados à mão, informam Administradores recém-nomeados no Sul de Lábrea e Canutama, “de 2005 a 2017, o número de homicídios cresceu vertiginosamente em mais de 150%, não somente por disputa de terras ou circunstanciais (discussões de botecos nas vilas e assentamentos improvisados), mas em violência contra mulheres campesinas”, atesta um dirigente católico do Distrito de Morrinho, a 10 quilômetros da capital de Rondônia.
Segundo ele, desse período até aqui, o caso do sumiço de três pessoas atribuído a um empresário da construção civil e a um fazendeiro com negócios em Ariquemes, nos quilômetros 42-46, área de litígio agrário, atiçou os estudos divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) nos anos 2005-15-17. O Amazonas, aparece, incluindo a Capital Manaus, como o quinto lugar com maior crescimento da violência do país, no campo e na cidade.
XICO NERY, direto das Montanhas do Sul do AM.