Ontem a Associação dos Ferroviários festejou a “nacionalização” da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
Esse ato aconteceu no dia 10 de julho de 1931 e ficou conhecido como “nacionalização”, porque foi nessa data que Aluizio Ferreira assumiu a administração da Empresa Madeira Mamoré que havia parado com o funcionamento das atividades, há alguns dias, alegando que a ferrovia dava prejuízo.
Por outro lado, o dia 10 de julho, também foi o dia em 1972 que o 5º BEC atendendo ordem superior, resolveu parar com todo funcionamento da Madeira Mamoré.
Por isso não sabemos se na data de ontem, foi festejado o dia da “nacionalização”, ou a desativação da Estrada de Ferro.
Desde 1972 os ferroviários e amigos da Madeira Mamoré lutam para ver pelo menos, o Trem fazendo o percurso até a Vila de Santo Antônio.
Enquanto todos cobram os recursos que já foram prometidos pelas usinas do Madeira para ser investido justamente na reativação da Madeira Mamoré pelo menos até Santo Antônio.
De vez em quando assistimos as autoridades divulgando que as Usinas destinaram tanto milhões para a recuperação da Madeira Mamoré e a Madeira Mamoré não sai da mesmice.
Aliás, a cada ano, a cada mês, a cada semana, a cada dia que passa, o que vemos, é o que resta da empresa criada por Farquar – o maior malandro do século XX, se destiorando, sendo corroídos pelo tempo e nada é feito.
Até o deck que abrigava os turistas para contemplar o por do sol do Madeira está praticamente sem serventia, todo destruido. E vemos também, órgãos oficiais sempre divulgando, que vão se dedicar, para revitalizar a Madeira Mamoré. Pura balela!
O arquiteto Luiz Leite de Oliveira publicou um artigo no site Gente de Opinião descrevendo com muita propriedade os desmandos praticados na Madeira Mamoré. Procura ler pra ficar sabendo o quanto já foi prometido e não realizado, o quanto já entrou e foi desviado.
O discurso de Vivaldo Mendes o poema de Heráclito proferidos naquele fatídico dia 10 de julho de 1972, enquanto o apito da locomotiva ecoava por toda a cidade de Porto Velho e através dos 364 km de trilhos, chegou a Guajará Mirim e por onde passava deixava as residências “alagadas” de lágrimas dos ferroviários de então.
Olha o trem, pensavam os que viviam às margens da linha férrea, Triângulo de Porto Velho, Santo Antônio, Teotônio, Jirau, São Carlos, Quarenta e Três, Jaci Paraná, Mutum Paraná, Abunã, Araras, Ribeirão, Vila Murtinho, Chacolatau, Iata e afinal Guajará.
Todo mundo chorou e chora a falta do trem da Estrada de Fero Madeira Mamoré.
Todos os anos, após 1972, reúnem os ferroviários que ainda vivem e os familiares dos que já partiram, para tomar um café com salgadinho, para festejar a “nacionalização” da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
E assim vão empurrando com a barriga o inicio da revitalização da Ferrovia.
A Associação dos Ferroviários vem alertando e solicitando um plano, um projeto e um programa para revitalizar o Centro Histórico de Porto Velho. Porém, o que vem ocorrendo são inúmeros roubos de peças do combalido museu de parafernália a céu aberto. O matagal surgiu no primeiro período deste ano e ficou até o início deste segundo semestre. E nada!
Bem que poderíamos festejar de verdade o 10 de julho, mas, o 10 de julho da revitalização, da volta do trem pelo menos até Santo Antônio. O 10 de julho da revitalização, do trecho entre a estação de Guajará Mirim e a estação do Iata. O 10 de julho da revitalização de parte do trecho de Abunã.
Precisamos valorizar mais o nosso patrimônio histórico em especial, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré – Onde tudo começou!