O governo da Venezuela classificou a apreensão de um navio petroleiro do país por militares dos Estados Unidos (EUA) como um “roubo descarado” e um ato de pirataria. O navio, que transportava cerca de 1,1 milhão de barris de petróleo, foi tomado pelos EUA nesta quarta-feira (10) em águas internacionais. A ação causou a disparada dos preços do produto no mercado global.
Acusações do Governo Maduro
Em nota, o governo de Nicolás Maduro afirmou que a política de agressão contra a Venezuela responde a um plano deliberado para saquear as riquezas energéticas do país. O Palácio de Miraflores acrescentou que este novo ato criminoso se soma ao “roubo da Citgo”, uma filial da estatal petroleira venezuelana PDVSA, que foi tomada por Washington em 2019.
O governo de Caracas reforçou que essas ações demonstram as verdadeiras razões da agressão prolongada contra a Venezuela. Segundo a nota, a questão “não é a migração, não é o narcotráfico, não é a democracia, não são os direitos humanos”. O motivo, conforme o comunicado, “sempre se tratou de nossas riquezas naturais, nosso petróleo, nossa energia, de os recursos que pertencem exclusivamente ao povo venezuelano”.
A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, declarou em uma rede social que a apreensão do petroleiro constitui um ilícito internacional. Ela afirmou que o país recorrerá a todas as instâncias internacionais para denunciar o que chamou de “roubo vulgar”.
Reação dos EUA e Geopolítica
A tomada do petroleiro foi anunciada pelo próprio presidente dos EUA, Donald Trump, que afirmou que o país deve ficar com o navio. Trump tem pressionado militarmente a Venezuela, visando uma “troca de regime” em Caracas. Um vídeo divulgado mostra indivíduos armados e camuflados descendo de helicópteros para abordar a embarcação.
O especialista em geopolítica Ronaldo Carmona, pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), avalia que a ação indica um possível bloqueio naval contra a Venezuela. O objetivo seria estrangular as receitas do país, na tentativa de derrubar o governo Maduro. Carmona considerou a ação bastante grave para o Brasil, pois “a ação americana militar esteja trazendo a guerra para uma região de paz como a América do Sul”.
A apreensão representa uma escalada do cerco militar dos EUA contra a Venezuela, país que possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do planeta e que sofre com um embargo econômico imposto pelos EUA desde 2017.












































