O número de crianças internadas para tratamento de desnutrição aguda na Faixa de Gaza permanece “chocantemente alto”, segundo informou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta terça-feira, 9 de dezembro de 2025. Os dados são divulgados após o cessar-fogo de outubro, que deveria ter facilitado um aumento substancial na assistência humanitária.
A agência da ONU, maior fornecedora de tratamento de desnutrição em Gaza, registrou que 9.300 crianças foram tratadas por desnutrição aguda grave durante o mês de outubro.
Fluxo de Ajuda Insuficiente
Embora o número de casos de desnutrição aguda tenha diminuído em relação ao pico de mais de 14 mil em agosto, a porta-voz do Unicef, Tess Ingram, alertou que ele continua significativamente superior ao registrado durante o breve cessar-fogo de fevereiro e março.
A porta-voz, falando de Gaza em Genebra, destacou que o número de crianças internadas é cinco vezes maior do que em fevereiro. Isso indica que o fluxo de ajuda humanitária que chega ao enclave permanece insuficiente.
“Ainda é um número chocantemente alto,” afirmou Tess Ingram. “Precisamos ver os números diminuírem ainda mais.”
Ingram descreveu a situação angustiante nos hospitais, onde encontrou bebês abaixo do peso, com menos de 1 quilo, lutando para sobreviver.
Obstáculos para a Ajuda
Apesar de o Unicef conseguir importar mais ajuda para o enclave do que antes do acordo de 10 de outubro que visava encerrar o conflito entre Israel e Hamas, ainda existem obstáculos.
Tess Ingram citou problemas como atrasos e recusas de cargas nos cruzamentos de fronteira, fechamento de rotas e desafios contínuos de segurança. O Unicef continua pedindo que todas as passagens disponíveis para a Faixa de Gaza sejam abertas para permitir a entrada de suprimentos comerciais suficientes.
A maioria das famílias em Gaza não tem acesso a itens básicos. A carne, por exemplo, permanece com um custo proibitivo de cerca de US$ 20 o quilo, justificando os altos índices de desnutrição aguda observados.
A fome em Gaza afeta cerca de meio milhão de pessoas, o que representa um quarto da população. Um monitor de fome apoiado pela ONU havia determinado essa condição em agosto. Especialistas alertam que os efeitos da privação alimentar nas crianças podem causar danos duradouros em sua saúde.












































