O governo dos Estados Unidos (EUA) anunciou a reafirmação da Doutrina Monroe em sua nova Estratégia Nacional de Segurança Nacional, divulgada nesta sexta-feira (5). O documento estabelece a “proeminência” de Washington sobre todo o Hemisfério Ocidental, que inclui a América do Sul, Central e do Norte. Esta nova política deve guiar a política externa do governo de Donald Trump.
“Após anos de negligência, os Estados Unidos reafirmarão e farão cumprir a Doutrina Monroe para restaurar a proeminência americana no Hemisfério Ocidental e proteger nossa pátria”, afirma o documento da Casa Branca.
Recado direto à China
Para o professor de relações internacionais do Ibmec São Paulo, Alexandre Pires, a nova estratégia é uma resposta direta à crescente influência econômica e geopolítica de Pequim na América Latina. O governo Trump foi enfático ao declarar que negará a concorrentes de fora do Hemisfério a capacidade de posicionar forças ameaçadoras ou de controlar ativos estrategicamente vitais na região.
“É o movimento que já estamos vendo de os EUA retomarem o controle do Canal do Panamá de modo indireto”, destacou o professor Alexandre Pires à Agência Brasil. Ele mencionou a mobilização militar no Caribe para pressionar a Venezuela, aliada de Rússia e China, como parte deste esforço.
A Casa Branca afirma que “concorrentes” de fora do Hemisfério têm feito “incursões” que prejudicam a economia dos EUA.
O “Corolário Trump” e a soberania regional
A Doutrina Monroe, criada em 1823, afirma que “a América é para os americanos” e visava, na época, desafiar potências europeias. No documento atual, o governo dos EUA diz que aplicará um “Corolário Trump”, que seria uma releitura expansionista do projeto inicial.
Entre os objetivos da nova política está o de “fazer todo o possível para expulsar as empresas estrangeiras que constroem infraestrutura na região”. O professor Alexandre Pires destacou que essa política externa tende a limitar a soberania dos países da região, ao dificultar acordos com potências de fora.
O governo dos EUA diz que as alianças com países da região devem “estar condicionados à redução gradual da influência externa adversária”.
Prioridade para empresas americanas
A Estratégia Nacional de Segurança estabelece que os funcionários de Estado em embaixadas devem trabalhar para favorecer as empresas dos EUA.
O documento orienta que os acordos com países da região, especialmente aqueles sobre os quais os EUA têm maior influência, devem ser “contratos de fornecimento exclusivo para nossas empresas”. A Casa Branca também priorizará a diplomacia comercial, utilizando tarifas e acordos recíprocos.











































