As eleições presidenciais realizadas no Chile neste domingo (16) confirmaram que a disputa será decidida em segundo turno. A candidata de esquerda, Jeannette Jara, e o ultracatólico da direita radical, José Antonio Kast, foram os dois mais votados e se enfrentarão novamente no dia 14 de dezembro.
Com quase a totalidade dos votos apurados, Jara, ex-ministra do Trabalho do atual governo de Gabriel Boric, obteve 26,8% dos votos. Kast, por sua vez, garantiu 23,9%. A eleição registrou uma participação recorde de 85% dos eleitores chilenos.
A vitória de Jara no primeiro turno foi mais apertada do que o previsto nas pesquisas. Ela é a única candidata de esquerda e a primeira militante comunista a chegar ao segundo turno de uma eleição presidencial pela ala progressista.
Desafios e apoios para o segundo turno
Jeannette Jara reconheceu os “desafios imensos” à frente e afirmou que buscará ouvir a grande parcela de chilenos que não votou nela nem em Kast. A advogada de 51 anos, que liderou reformas importantes no governo Boric (como as das pensões e o aumento do salário mínimo), enfrenta a difícil tarefa de reverter o “pêndulo chileno”, já que desde 2006 nenhum presidente elegeu um sucessor do mesmo partido.
Um fator crucial para o segundo turno é o desempenho de Franco Parisi, populista de direita que alcançou o terceiro lugar, com 19,5% dos votos. Seus apoiadores são considerados fundamentais para definir o resultado final.
Avanço da direita radical
José Antonio Kast, ex-deputado e líder do Partido Republicano, fez campanha focada no aumento da criminalidade e da migração irregular. Ele evitou comentar sobre suas convicções ultraconservadoras em liberdades individuais e sua defesa da ditadura militar (1973-1990).
Kast, que concorre pela terceira vez à Presidência, já conta com o apoio de outros nomes da direita, como o ultradireitista Johannes Kaiser e a representante da direita tradicional, Evelyn Matthei, que ficou em quinto lugar. O candidato ultraconservador é admirador dos líderes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Nayib Bukele, de El Salvador.
Paralelamente à eleição presidencial, o Chile realizou eleições parlamentares. Nelas, os apoiadores de Kast obtiveram um avanço considerável na Câmara dos Deputados e no Senado, o que pode dar maior estabilidade a um eventual governo de extrema-direita.









































