O presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson, criticou duramente a manifestação “No Kings” prevista para ocorrer na próxima semana no National Mall, em Washington. Em entrevista à Fox News nesta sexta-feira (10), o republicano classificou o evento como um “protesto que odeia os Estados Unidos”, afirmando que ele reuniria “a ala pró-Hamas” e “grupos antifascistas”.
As declarações geraram reação entre democratas, que defenderam o movimento, destacando que a primeira grande mobilização da campanha foi majoritariamente pacífica.
“Eles estão todos vindo”, disse Johnson, alegando que até mesmo alguns democratas da Câmara estariam vendendo camisetas em apoio ao ato. Segundo ele, a paralisação do governo só terminaria após o protesto, pois os parlamentares democratas “não querem enfrentar sua base radical”.
Outro líder republicano, o deputado Tom Emmer (Minnesota), também responsabilizou a mobilização pela continuidade do shutdown e chamou o evento de “ato de ódio contra os EUA”.
Origem do movimento
O movimento No Kings surgiu como resposta a um desfile militar promovido pela Casa Branca em junho, tornando-se o maior ato coordenado contra Trump desde seu retorno à presidência. Na ocasião, as manifestações aconteceram em várias cidades do país, em sua maioria sem incidentes, exceto por um episódio em Salt Lake City, quando supostos “agentes da paz” do protesto mataram um homem acreditando que ele prestes a atirar na multidão.
Organizadores ironizam críticas e cobram fim da paralisação
Em comunicado conjunto — que, segundo eles, foi divulgado “após alguns momentos de risadas” —, os organizadores ironizaram as falas dos republicanos e cobraram a reabertura do governo.
“Mike Johnson está ficando sem desculpas para manter o governo fechado”, afirmou a coalizão. “Ao invés de restabelecer serviços públicos, garantir saúde acessível ou aliviar os custos para as famílias trabalhadoras, ele prefere atacar milhões de americanos que se reúnem pacificamente para dizer que os Estados Unidos pertencem ao povo, e não a reis.”
O grupo reúne diferentes segmentos da coalizão democrata, incluindo sindicatos, a organização Indivisible e a plataforma de mobilização Vote Save America, ligada à Crooked Media.
Democratas reagem
Jon Favreau, cofundador da Crooked Media, respondeu às declarações de Emmer e Johnson em redes sociais, destacando que a primeira edição do “No Kings” foi “pacífica”, com “bandeiras americanas por toda parte”.
“Participaremos do que Emmer chamou de ‘rali de ódio’ porque amamos nosso país — especialmente sua promessa de que todos fomos criados iguais, temos direito à liberdade de expressão, à proteção igual perante a lei, à liberdade de culto e ao voto sem medo de retaliação”, escreveu.
Republicanos voltam a associar ato ao Hamas
A equipe de Johnson não respondeu aos pedidos de comentário. Já Emmer voltou a vincular o evento ao apoio ao Hamas em declaração ao site Politico, acusando os democratas de atenderem a “uma ala pró-terrorista” de seu partido.
“Chuck Schumer e os democratas estão colocando em risco os meios de subsistência dos americanos para marcar pontos políticos com a ala pró-terrorista do partido”, afirmou ele, mencionando uma pesquisa que apontava que um terço dos democratas entrevistados teria demonstrado apoio ao Hamas em comparação a Israel.
Com informações: https://www.politico.com/