Tanques de Israel bloquearam a estrada principal para a Cidade de Gaza nesta quinta-feira (2), impedindo que a população que saiu da área retorne. A ação ocorre enquanto o exército israelense intensifica uma ofensiva para, segundo o governo, erradicar combatentes do Hamas no maior centro urbano de Gaza.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou em comunicado que esta era a “última oportunidade” para centenas de milhares de moradores de Gaza que ainda estão no local escaparem. Ele disse que aqueles que desejam ir para o sul devem deixar os “agentes do Hamas isolados” na cidade diante das operações de grande escala das Forças de Defesa de Israel (IDF).
Bloqueio impede retorno
Moradores relataram à agência de notícias Reuters que os tanques montaram barreiras de areia na principal estrada ao sul da Cidade de Gaza. A medida permite que as pessoas saiam, mas impede o retorno daqueles que já tinham buscado comida ou abrigo temporário fora.
Cerca de 600 mil a 700 mil pessoas ainda estariam na Cidade de Gaza, de acordo com estimativas das Nações Unidas, após aproximadamente 400 mil terem fugido nas últimas semanas. O exército israelense informou na quarta-feira (1º) que iniciou uma operação para fortalecer o “controle operacional do Corredor Netzarim”, que divide o norte e o sul de Gaza.
“Não vamos partir”
Para alguns moradores, a determinação de Israel de impedir o retorno à Cidade de Gaza apenas fortaleceu a decisão de permanecer. Hani, um morador de 24 anos que não quis ser identificado pelo nome completo por segurança, disse: “Temos medo de que, se partirmos, nunca mais veremos nossa Cidade de Gaza.”
Aviões e tanques israelenses continuam a bombardear a região. O Ministério da Saúde de Gaza reportou que os disparos de Israel mataram ao menos 77 pessoas nas últimas 24 horas. Em um ataque nesta quinta-feira, nove pessoas morreram, incluindo cinco de uma mesma família, perto de uma cozinha comunitária em Al-Mawasi, uma área costeira designada como “zona humanitária” no sul.
Dificuldades em hospitais
A intensificação dos ataques terrestres está prejudicando a capacidade de tratamento dos doentes e feridos, com quatro instalações médicas forçadas a fechar. Médicos do principal hospital da Cidade de Gaza, o Al Shifa, disseram que os serviços tiveram de ser reduzidos devido aos bombardeios constantes nas proximidades.
Medhat Elewah, um paciente renal no hospital, gravou um vídeo obtido pela Reuters expressando o medo de um fechamento. “Se este departamento for fechado, isso significará a morte dos pacientes,” disse ele, acrescentando que suas sessões de diálise foram reduzidas pela metade.
A ofensiva de Israel em Gaza teve início após o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023. Naquela ocasião, cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e 251 levadas como reféns, segundo contagens israelenses. A campanha militar de Israel já matou mais de 66 mil pessoas em Gaza, conforme as autoridades de saúde do enclave.