O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assinou um decreto de “comoção externa” que lhe confere poderes especiais diante da possibilidade de uma incursão militar externa. A medida foi anunciada pela vice-presidente Delcy Rodríguez em Caracas, nessa segunda-feira (29) de setembro de 2025. A reportagem é de Deisy Buitrago, da Reuters.
A vice-presidente não especificou a data da assinatura, mas Maduro já havia exibido publicamente a pasta com o decreto, indicando que o submeteria à consulta de assessores, tribunais superiores e o gabinete do procurador-geral.
Mobilização de forças e serviços públicos
Delcy Rodríguez afirmou em uma reunião com diplomatas que o decreto é uma resposta a ameaças externas. “O que o governo dos Estados Unidos (EUA), o senhor da guerra Marco Rubio, está fazendo hoje contra a Venezuela é uma ameaça que é proibida pela Carta das Nações Unidas. E se eles se atreverem a atacar nosso país: decreto de comoção externa”, declarou.
De acordo com a Constituição venezuelana, o decreto de comoção tem uma vigência de 90 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 90 dias. A autoridade explicou que a medida permitirá a mobilização das Forças Armadas em todo o país, a tomada militar dos serviços públicos essenciais e da indústria de hidrocarbonetos, e a ativação da milícia no sistema integrado da nação.
A medida surge em um contexto de tensão com os EUA, que mantêm uma frota militar no Caribe desde meados de agosto. Washington afirma que a mobilização visa combater o tráfico de drogas, enquanto o governo de Maduro alega que o objetivo é retirá-lo do poder. O Departamento de Estado dos EUA não se pronunciou de imediato sobre o anúncio.