O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (EUA) informou nesta quinta-feira (25) que indiciou o ex-diretor do FBI, James Comey, por acusações criminais. Ele é acusado de dar declarações falsas e de obstrução em seu depoimento de 2020 ao Comitê Judiciário do Senado. Se condenado, Comey pode pegar uma pena de até cinco anos de prisão.
O caso representa uma escalada na campanha do presidente Donald Trump para revidar críticos e pessoas que o investigaram no passado. Comey, que foi diretor do FBI entre 2013 e 2017, foi demitido por Trump em 2017. Desde então, o presidente ataca a forma como Comey conduziu a investigação sobre a interferência russa na eleição de 2016.
Após Trump retornar ao cargo em janeiro, o Departamento de Justiça passou a examinar o depoimento de Comey. Na ocasião, ele negou ter autorizado a divulgação de informações confidenciais para a mídia.
Compromisso de Responsabilidade
O indiciamento de James Comey é o exemplo mais notável do governo Trump usando seu poder para aplicar leis contra um crítico proeminente. A medida ocorre após Trump ter prometido revidar seus opositores durante sua campanha vitoriosa de 2024.
O indiciamento veio depois que o presidente pressionou a procuradora-geral, Pam Bondi. Trump alegou que Bondi não teria agido com rapidez suficiente para apresentar acusações criminais contra Comey.
“Ninguém está acima da lei”, disse Pam Bondi em uma publicação na mídia social. Ela complementou que o indiciamento reflete o compromisso do Departamento de Justiça em responsabilizar aqueles que “enganam o povo norte-americano”.
Tensões e Histórico Amargo no FBI
O esforço para atingir Comey foi recebido com ceticismo no Distrito Leste da Virgínia, que cuida do caso. O principal promotor federal do distrito, Erik Siebert, renunciou na semana passada após expressar dúvidas sobre a solidez das acusações. Outros promotores também expressaram preocupações sobre a falta de provas.
A promotora federal que sucedeu Siebert, Lindsey Halligan, atuou recentemente como assessora da Casa Branca e foi advogada de defesa pessoal de Trump.
O relacionamento entre Trump e Comey é tenso desde 2017. Trump o demitiu dias depois que Comey confirmou publicamente que o presidente era investigado por conexões de sua campanha com a Rússia. Comey tornou-se um crítico ferrenho de Trump, chamando-o de “moralmente inadequado”.
O indiciamento de James Comey contraria uma decisão anterior do próprio Departamento de Justiça, que, durante o primeiro mandato de Trump, recusou-se a apresentar acusações criminais contra ele.