A Associação Internacional de Estudiosos do Genocídio (IAGS) confirmou que as ações de Israel na Faixa de Gaza constituem genocídio. A resolução foi aprovada por maioria de mais de dois terços dos cerca de 500 membros da instituição, considerada a principal do mundo no estudo do tema. O documento de três páginas, aprovado no domingo, 31 de agosto de 2025, descreve que “o governo de Israel tem se envolvido em crimes sistemáticos e generalizados contra a humanidade, crimes de guerra e genocídio”. A IAGS cita ataques indiscriminados a civis e a infraestrutura como hospitais e residências.
Israel, por sua vez, condenou a resolução e afirmou que ela se baseia em uma “campanha de mentiras do Hamas”. A associação, fundada em 1994, durante o genocídio de Ruanda, justifica sua conclusão com base em diversos fatos. Entre eles estão a morte de crianças, declarações de autoridades israelenses e ataques a locais de produção de alimentos. Essas ações, segundo a IAGS, se enquadram na definição de genocídio do Artigo 2º da Declaração para Prevenção do Genocídio de 1948.
Violações e Fome
A IAGS também aponta outras violações cometidas por Israel contra palestinos. A lista inclui tortura, detenção arbitrária, violência sexual e ataques intencionais contra médicos, jornalistas e trabalhadores humanitários. A privação de itens essenciais como água, comida, remédios e eletricidade também foi mencionada. A associação ressaltou que quase toda a população de 2,3 milhões de palestinos de Gaza foi deslocada à força, com mais de 90% da infraestrutura habitacional do território demolida.
A destruição de escolas, universidades e outros locais culturais também foi destacada. “Israel destruiu escolas, universidades, bibliotecas, museus e arquivos, todos eles essenciais à continuidade do bem-estar e da identidade coletiva palestina”, diz o documento. Além disso, a associação lembrou que o número de crianças mortas ou feridas ultrapassa 50 mil. “A destruição de uma parte substancial de um grupo constitui genocídio”, afirma o texto, destacando a importância das crianças para a continuidade de qualquer grupo.
Posição de Israel e Contexto Internacional
O governo de Israel, em nota, negou as acusações, chamando a declaração da IAGS de “uma vergonha para a profissão jurídica e para qualquer padrão acadêmico”. Tel Aviv acusa a associação de não verificar as informações e de distorcer até mesmo o que foi dito pela Corte Internacional de Justiça (CIJ). O país insiste que luta apenas contra o Hamas para recuperar reféns, e não contra a população palestina. A acusação de genocídio também está em andamento na CIJ, em um processo movido pela África do Sul e apoiado por nações como o Brasil.
A resolução da IAGS pontua ainda que a resposta de Israel ao ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 não visou apenas o grupo de resistência palestino, mas “toda a população de Gaza”. A fome na região atingiu o patamar mais grave, segundo a FAO, devido à destruição de áreas agrícolas e à restrição da entrada de ajuda humanitária. O Artigo 2º da Convenção da ONU de 1948 define genocídio como atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.