Israel assassinou mais jornalistas e profissionais de mídia em menos de dois anos do que em qualquer outro conflito na história mundial. De acordo com o Sindicato de Jornalistas Palestinos, 246 profissionais foram mortos desde 7 de outubro de 2023. Esse número é maior do que a soma das mortes de jornalistas na Primeira e Segunda Guerras Mundiais, na Guerra do Vietnã e em outros conflitos importantes, segundo dados do Memorial Freedom Forum.
O Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ) acusa Israel de promover ataques deliberados para impedir a cobertura da guerra na Faixa de Gaza. “Jornalistas palestinos estão sendo ameaçados, diretamente alvejados e assassinados pelas forças israelenses, além de serem arbitrariamente detidos e torturados”, afirma o CPJ. Israel nega que os ataques sejam intencionais e, em alguns casos, justifica as mortes ao vincular os profissionais ao Hamas.
Ataques a hospitais e acusações contra jornalistas
Em um incidente recente, um bombardeio israelense atingiu o Hospital Nasser em Khan Yunes enquanto jornalistas registravam um ataque anterior. O ataque matou 20 pessoas, incluindo cinco jornalistas. O exército israelense (FDI) disse que não ataca civis intencionalmente e que uma investigação foi aberta, mas a organização Monitor Euro-Mediterrâneo de Direitos Humanos afirma que essa prática, conhecida como “tiro duplo”, é usada para atingir equipes de resgate e a imprensa.
Em outro caso, o correspondente da Al Jazeera Anas al-Sharif foi assassinado em agosto de 2025. Israel o acusou de ser um líder de uma célula terrorista do Hamas, o que a emissora nega. A Al Jazeera e o Monitor Euro-Mediterrâneo de Direitos Humanos afirmam que a acusação de Israel visa silenciar a divulgação dos acontecimentos do conflito e impedir a exposição de crimes de guerra.
Fome e o perigo na cobertura
Além dos ataques, os jornalistas em Gaza enfrentam a fome generalizada. Agências de notícias como AFP e Reuters expressaram preocupação com seus profissionais, que estão cada vez mais incapazes de alimentar suas famílias devido ao bloqueio israelense. Israel nega que haja fome em Gaza, mas relatórios de organizações humanitárias e da ONU indicam o contrário. A guerra na Faixa de Gaza é descrita como o conflito mais mortal para a profissão de jornalista na história.