Um relatório anual da Organização das Nações Unidas (ONU) revela que a violência sexual em conflitos armados aumentou em 2024 e se concentrou principalmente na África. A pesquisa, que destaca a brutalidade desse crime, aponta a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo (RDCongo), a Somália e o Sudão do Sul como os locais com o maior número de casos registrados.
O único país lusófono mencionado no documento é Moçambique. No país, o relatório aponta que mulheres e meninas deslocadas, refugiadas e migrantes enfrentam violência sexual relacionada aos conflitos locais. O relatório, em sua 16ª edição, destaca que o aumento do problema está diretamente ligado aos níveis recordes de deslocamento de populações e à militarização dos conflitos.
Perfil das vítimas e agressores
A grande maioria das vítimas (92%) continua sendo mulheres. No entanto, o relatório também registra casos de violência sexual contra homens e crianças em ambientes de detenção, onde o crime é usado como forma de tortura ou para extrair informações.
A ONU listou 63 países ou entidades, a maioria na África, que recorrem a estupros e outras formas de violência sexual em conflitos. O relatório ressalta que, apesar do baixo cumprimento do direito internacional por parte desses países, vários deles têm buscado promover compromissos formais para resolver a questão.
O documento também observa tendências preocupantes, como o sequestro e o tráfico de pessoas para fins de escravidão e exploração sexual em zonas de conflito. Esses crimes são frequentemente cometidos por grupos extremistas, muitos deles já sob sanções do Conselho de Segurança da ONU.