A União Africana (UA) está apoiando uma campanha para substituir o tradicional mapa-múndi de Mercator, que data do século 16. A iniciativa busca a adoção de um novo mapa que represente com mais precisão o real tamanho do continente africano. A projeção de Mercator distorce as proporções, aumentando o tamanho de áreas próximas aos polos e diminuindo a África e a América do Sul.
De acordo com a vice-presidente da Comissão da UA, Selma Malika Haddadi, o mapa atual promove uma falsa impressão da África, fazendo com que o continente pareça “marginal”. Ela destaca que, na realidade, a África é o segundo maior continente do mundo, com 54 nações e mais de 1 bilhão de pessoas, e que esses estereótipos influenciam a educação, a mídia e a política.
A campanha Correct the Map
A campanha Correct the Map é liderada pelos grupos Africa No Filter e Speak Up Africa. A iniciativa busca que governos e organizações internacionais deixem de usar a projeção de Mercator em favor da projeção Equal Earth, de 2018, que reflete o tamanho real dos países de forma mais precisa.
Moky Makura, diretora executiva da Africa No Filter, classificou a distorção como a “campanha de desinformação mais longa do mundo”. Fara Ndiaye, da Speak Up Africa, complementou, afirmando que o mapa de Mercator afetou a identidade e o orgulho dos africanos, especialmente de crianças. A campanha trabalha ativamente para promover o uso do mapa Equal Earth em todas as salas de aula do continente.
Reivindicando o lugar da África no mundo
Selma Malika Haddadi explicou que a UA endossou a campanha por ela se alinhar ao objetivo da organização de “reivindicar o lugar de direito da África no cenário global”. A decisão também ecoa os crescentes pedidos por reparações pelo colonialismo e a escravidão. A UA irá discutir a adoção do novo mapa com seus Estados-membros, visando ações coletivas para promover a mudança.