O representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, anunciou na terça-feira, 15 de julho de 2025, o início de uma investigação sobre as práticas comerciais “injustas” do Brasil. A medida surge uma semana após o presidente Donald Trump ameaçar impor uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras.
A ação de Trump, parte de uma “guerra comercial” iniciada em seu segundo mandato em janeiro, visa reordenar a economia global, alegando discriminação contra os EUA.
Pontos Chave da Investigação
A investigação, sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, avaliará se o tratamento do Brasil ao comércio digital e aos serviços de pagamento eletrônico (Pix), além de tarifas preferenciais, é “insensato ou discriminatório e onera ou restringe” o comércio dos EUA, conforme Greer. Ele mencionou especificamente as empresas de mídia social dos EUA e outras, assim como trabalhadores, agricultores e inovadores de tecnologia, como vítimas das “práticas comerciais injustas” do Brasil.
Greer afirmou que as barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil “merecem uma investigação completa e, potencialmente, uma ação responsiva”.
Justificativa e Reação Brasileira
Trump justificou a tarifa de 50%, com efeito a partir de 1º de agosto, citando decisões judiciais brasileiras envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e empresas norte-americanas de tecnologia. A tarifa surpreendeu especialistas, dado que as importações brasileiras de produtos dos EUA superam as exportações e pela clara vinculação ao julgamento de Bolsonaro.
Ontem, o governo brasileiro emitiu uma nota contundente, rechaçando o que considerou “intromissão indevida e inaceitável” dos Estados Unidos nos assuntos do Judiciário brasileiro. A reação veio após o Departamento de Estado norte-americano acusar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o STF de atacar Bolsonaro e a liberdade de expressão.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, declarou que o governo brasileiro trabalhará para reverter “o mais rápido possível” a tarifa de 50%, ponderando a possibilidade de pedir mais prazo para negociação.
Outras Acusações dos EUA
A representação de Comércio dos EUA também acusou o Brasil de desvantagem às empresas norte-americanas ao aplicar tarifas mais baixas a outros parceiros comerciais e de não combater a corrupção. Além disso, o Brasil teria cobrado tarifas substancialmente mais altas sobre as exportações de etanol dos EUA e “parece não estar conseguindo” fazer cumprir as leis contra o desmatamento ilegal, o que, segundo os EUA, prejudicou a competitividade dos produtores de madeira americanos.