O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (14), em Washington, a destinação de novas remessas de armas para a Ucrânia. Além disso, o líder norte-americano ameaçou impor sanções aos países que adquirirem produtos de exportação russos, caso Moscou não aceite um acordo de paz em um prazo de 50 dias. A medida representa uma mudança significativa na política de sanções ocidental, motivada, segundo Trump, pela “decepção” com o presidente russo, Vladimir Putin.
Novas Armas e Custos para a Otan
Ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, na Casa Branca, Trump expressou seu descontentamento com Putin. Ele afirmou que bilhões de dólares em armamentos serão enviados à Ucrânia, enfatizando que as armas seriam “de primeira linha” e que os aliados de Washington na Otan arcariam com os custos.
Entre os armamentos prometidos estão mísseis de defesa aérea Patriot, que a Ucrânia tem solicitado com urgência para proteger suas cidades dos ataques aéreos russos. Trump indicou que algumas ou todas as 17 baterias Patriot encomendadas por outros países poderiam ser redirecionadas e enviadas para a Ucrânia “muito rapidamente”.
Ameaça de Sanções Secundárias ao Petróleo Russo
A ameaça de Trump de impor as chamadas sanções secundárias à Rússia, se concretizada, representaria uma grande alteração na abordagem ocidental. Parlamentares bipartidários nos EUA já pressionam por um projeto de lei que autorizaria tais medidas.
Durante mais de três anos de guerra, países ocidentais cortaram a maior parte de seus laços financeiros com Moscou, mas evitaram restringir a Rússia de vender seu petróleo globalmente. Essa postura permitiu que Moscou continuasse a gerar centenas de bilhões de dólares com exportações de petróleo para nações como China e Índia.
“Vamos adotar tarifas secundárias”, declarou Trump. “Se não chegarmos a um acordo em 50 dias, é muito simples, e elas serão de 100%.” Uma autoridade da Casa Branca confirmou que o presidente se referia tanto a tarifas de 100% sobre as exportações russas quanto a sanções secundárias contra países que as comprem.
Repercussão e Críticas de Trump a Putin
O anúncio de um período de carência de 50 dias foi recebido com certo alívio por investidores na Rússia, com o rublo se recuperando e os mercados de ações em alta. Analistas apontam que Trump “teve um desempenho abaixo das expectativas do mercado” ao oferecer esse prazo para negociações.
Trump, que retornou ao poder este ano prometendo um fim rápido para o conflito, justificou a mudança de política por sua crescente frustração com Putin. Ele criticou o presidente russo por supostamente falar sobre paz enquanto continuava a atacar cidades ucranianas. Desde seu retorno à Casa Branca, Trump buscou uma reaproximação com Moscou, distanciando-se de políticas pró-ucranianas anteriores. Contudo, Putin ainda não aceitou uma proposta de cessar-fogo incondicional de Trump, apesar do endosso de Kiev.
Reunião com Zelenskiy e Mudança no Governo Ucraniano
Mais cedo nesta segunda-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, conversou com o enviado de Trump, Keith Kellogg. Zelenskiy afirmou ter discutido “o caminho para a paz e o que podemos fazer juntos para aproximá-la”, incluindo o “fortalecimento da defesa aérea da Ucrânia, a produção conjunta e a aquisição de armas de defesa em colaboração com a Europa”.
Separadamente, Zelenskiy anunciou a substituição de seu primeiro-ministro, Denys Shmyhal, por sua primeira vice, Yulia Svyrydenko, de 39 anos, como parte de uma “transformação do Poder Executivo”. A nomeação de Svyrydenko, economista e ex-ministra, depende de aprovação parlamentar. Atualmente, a Rússia ocupa cerca de um quinto do território ucraniano e suas forças continuam avançando lentamente no leste do país.