O Hamas informou que aceitou libertar dez reféns no âmbito dos esforços em curso para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza. O grupo palestino, no entanto, afirma que as negociações para uma trégua estão “difíceis” devido à intransigência de Israel, enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se mostra confiante em um acordo.
Após três dias de negociações indiretas no Catar, o Hamas concordou em libertar dez reféns, afirmando que seu objetivo é “superar os obstáculos” para chegar a um acordo, apesar do que descreveu como “negociações difíceis”. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (9), o grupo afirmou: “Embora as negociações (…) continuem difíceis devido à intransigência da ocupação [de Israel], continuamos a trabalhar seriamente e com um espírito positivo com os mediadores para ultrapassar os obstáculos”. O comunicado acrescentou: “Para encaminhar os esforços em curso a uma conclusão bem-sucedida, o Hamas demonstrou a flexibilidade necessária e concordou em libertar dez prisioneiros”.
Pontos de Discórdia e Otimismo de Israel
O grupo palestino afirma que entre os vários pontos de discórdia estão a entrega de ajuda humanitária, a retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza e “garantias genuínas” de um cessar-fogo permanente. Uma autoridade palestina, falando sob condição de anonimato à agência AFP, disse que a delegação israelense se recusou “a aceitar o trânsito livre de ajuda para Gaza” e a retirada das tropas do território. “Houve uma troca de opiniões, mas nenhum progresso”, disse outra fonte palestina.
Apesar dos desafios, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, expressou otimismo, afirmando que havia “uma boa chance” de se chegar a um acordo, compartilhando a expectativa do presidente norte-americano, Donald Trump. Trump havia dito na terça-feira (8) que mantém a expectativa de que um acordo de cessar-fogo para Gaza seja alcançado ainda nesta semana ou na próxima. “Sim, penso que estamos nos aproximando de um acordo. Penso que há uma boa chance de conseguirmos alcança-lo”, disse Netanyahu, após se reunir com Trump em Washington na segunda (7) e terça-feira (8).
Netanyahu detalhou à FOX Business Network que o acordo em discussão seria um cessar-fogo de 60 dias, durante o qual “metade dos reféns vivos e metade dos mortos seriam entregues a Israel por estes monstros do Hamas”. Ele salientou, contudo, que não busca um acordo “a qualquer preço”. “Israel tem requisitos de segurança e outros requisitos e estamos trabalhando juntos para tentar alcançá-los”, disse o primeiro-ministro israelense ao final do encontro com Trump.
Andamento das Negociações e Contexto do Conflito
Na terça-feira (8), o enviado especial de Trump para o Médio Oriente, Steve Witkoff, expressou a expectativa de um acordo “até ao final da semana” sobre uma trégua de 60 dias e a libertação dos reféns. O projeto de acordo prevê a devolução de dez reféns vivos e dos corpos de outros nove. Das 251 pessoas raptadas durante o ataque de 7 de outubro de 2023, 49 continuam detidas em Gaza, sendo 27 delas declaradas mortas pelo exército israelense.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Sa’ar, também considerou um acordo “possível”. Para o chefe do Estado-Maiar israelense, Eyal Zamir, as operações do exército foram decisivas para “impulsionar o acordo”. “Enfraquecemos seriamente as capacidades militares e governamentais do Hamas”, disse Zamir. “Graças ao poder operacional que geramos, foram criadas as condições para avançar para um acordo para a libertação dos reféns”, acrescentou.
Em paralelo às negociações e à reivindicação de progressos militares, o exército israelense anunciou a expansão das operações terrestres na região de Beit Hanun, no Norte da Faixa de Gaza, após a morte de cinco soldados em combates com o Hamas. O conflito foi desencadeado em 7 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas em solo israelense, que resultou em cerca de 1,2 mil mortos, a maioria civis, e mais de 200 reféns. Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 57 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, além da destruição de quase todas as infraestruturas do território e o deslocamento de centenas de milhares de pessoas.