A Marinha israelita interceptou o navio Madleen, que transportava ajuda humanitária para Gaza e levava vários ativistas a bordo, entre os quais a sueca Greta Thunberg. A embarcação encontra-se agora num porto de Israel. Os ativistas garantem ter sido raptados e pediram apoio aos governos dos seus países, mas Benjamin Netanyahu garante que estão a “encenar uma provocação midiática”.
O navio, que transportava 12 ativistas franceses, alemães, brasileiros, turcos, suecos, espanhóis e holandeses, partiu de Itália dia 1º de junho com a intenção de “quebrar o bloqueio israelita” a Gaza, onde a ajuda humanitária é cada vez mais escassa.
Na noite de domingo, a Coligação da Flotilha da Liberdade, que cedeu o barco, disse numa rede social ter perdido o contato com a tripulação depois que ela foi “abordada” pelo exército israelita.
“Se virem este vídeo, fomos interceptados e raptados em águas internacionais”, disse a ativista sueca Greta Thunberg num vídeo pré-gravado e posteriormente partilhado pela Coligação da Flotilha da Liberdade, movimento internacional de apoio à Palestina lançado em 2010.
Desvio
Israel não especificou o local onde o navio foi interceptado, mas o Ministério da Defesa disse que a embarcação foi desviada para o porto de Ahsdod, um importante porto comercial no sul de Israel, não muito longe de Gaza.
“Espera-se que os passageiros regressem aos seus países”, declarou o Ministério israelita dos Negócios Estrangeiros em comunicado, divulgando ainda imagens que mostram comida e água a serem distribuídas aos passageiros do barco, equipados com coletes salva-vidas.
O Irã foi um dos primeiros a condenar a interceptação do navio, descrevendo-a como um ato de pirataria. Já a Turquia criticou o que chamou de ataque odioso que considerou uma “violação flagrante do direito internacional”.
A França disse, por sua vez, querer “facilitar” o “rápido regresso à França” dos seis cidadãos que se encontravam a bordo da embarcação.”
Provocação midiática
O navio com ajuda humanitária aproximou-se de Gaza no domingo, depois de chegar à costa egípcia, contrariando os avisos lançados por Israel. Na rede social X (antigo Twitter), os ativistas apelaram aos governos dos respectivos países para que os protegessem.
Além de Greta Thunberg, o navio transportava também a eurodeputada franco-palestinna Rima Hassan.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusou esta segunda-feira “Greta Thunberg e os outros de tentarem encenar uma provocação midiática com o único objetivo de fazer publicidade a si próprios”.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, frisou que “o Estado de Israel não permitirá a ninguém que viole o bloqueio marítimo de Gaza, cujo principal objetivo é impedir a transferência de armas para o Hamas, uma organização terrorista assassina que mantém os nossos reféns e comete crimes de guerra”.
A população de Gaza está cada vez mais desesperada por ajuda humanitária, numa altura em que o cerco imposto por Israel impede a chegada de bens essenciais a milhões de pessoas.
Têm também ocorrido cada vez mais ataques juntos a centros de distribuição de ajuda, demovendo os palestinos de se deslocarem até esses locais.