O ministro dos Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, ameaçou, nessa segunda-feira (26), que Israel anexará territórios da Cisjordânia se o Reino Unido e a França, entre outros países, reconhecerem o Estado palestino.
Em conversa com o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, Dermer avisou que Israel tomará medidas unilaterais como a legalização de colonatos não autorizados e a anexação de partes da Área C da Cisjordânia, o maior dos três setores administrativos em que o território foi dividido após os Acordos de Oslo, assinados como temporários e nunca implementados.
Segundo os acordos assinados em 1993, a área citada por Dermer ficava sob administração israelense, enquanto a zona B sob o controle administrativo da Autoridade Palestina e controle militar israelense, sendo a zona A administrada exclusivamente pela Autoridade Palestina.
Dermer fez as declarações em resposta a um possível reconhecimento internacional do Estado palestino na Cúpula de Nova York, que será copresidida pela França e a Arábia Saudita no próximo dia 18 de junho, segundo o diário israelense Haaretz.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, fez avisos semelhantes sobre possíveis “medidas unilaterais”, numa reação a posições tomadas por Barrot, assim como pelo homólogo britânico, David Lammy, e outros países, segundo informações do diário Israel Hayom, confirmadas pelo Haaretz.
O chefe da diplomacia britânica disse, no mês passado, que Londres estava em conversações com Paris sobre a possibilidade de reconhecimento do Estado palestino, embora tenha destacado que o Reino Unido só apoiaria a decisão se ela tivesse consequências tangíveis.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, reafirmou, nessa segunda-feira, numa publicação na rede social X, após conversa telefônica com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que a União Europeia continua a apoiar firmemente uma solução baseada na existência de dois Estados e aguarda com expectativa a conferência das Nações Unidas, que será realizada em Nova York no próximo mês de junho.
O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou também, nessa segunda-feira, que Portugal mantém “sempre em avaliação” a possibilidade de reconhecer o Estado da Palestina.
Em entrevista coletiva conjunta com o homólogo alemão, Johann Wadephul, o chefe da diplomacia portuguesa destacou que a posição de Lisboa, relativa ao reconhecimento do Estado palestino, está em permanente avaliação.
“A nossa posição quanto a um reconhecimento está espelhada numa doutrina que repeti variadas vezes no Parlamento, e que significa algo que está sempre em avaliação, que é conversado com os parceiros, quer com aqueles que já reconheceram o Estado da Palestina, quer com os que entendem que é preciso haver outros passos para que esse reconhecimento tenha lugar”, afirmou.
Para Paulo Rangel, essa doutrina “não se alterou” e, apesar de a realidade ser dinâmica, isso não significa que não venha a implicar, em dado momento, o passo de reconhecimento do Estado da Palestina.