O governo federal, em Brasília, lançou nesta terça-feira, 9 de dezembro de 2025, um painel interativo inédito que permite à população acompanhar os gastos climáticos federais realizados entre 2010 e 2023. Denominada Painel Gastos Climáticos, a ferramenta possibilita a identificação detalhada das despesas com mudança climática, biodiversidade e gestão de riscos e desastres.
Investimento bilionário e nova metodologia
A iniciativa é uma parceria entre o Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o Ministério da Fazenda. O acompanhamento se tornou possível após a criação de uma metodologia padronizada para identificar e rastrear os investimentos federais nas três áreas.
De acordo com o levantamento inicial, o Governo Central aplicou um total de R$ 782 bilhões no período de 2010 a 2023. A maior parte desses recursos foi destinada à agenda climática, somando R$ 421 bilhões. Em seguida, vieram a proteção da biodiversidade, com R$ 250 bilhões, e o gerenciamento de riscos e desastres, que recebeu R$ 111 bilhões.
Queda de investimento e mudança de perfil
O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) destacou que a ausência de um sistema unificado dificultava o planejamento e a avaliação das políticas públicas. O novo painel fornecerá dados consistentes para avaliar planos importantes como o Plano Clima e o Plano de Transformação Ecológica.
A análise histórica revelada pelo painel aponta uma queda nos investimentos após 2015. Segundo o MPO, essa redução foi influenciada pelo aperto fiscal, pela criação do teto federal de gastos e pela interrupção do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) entre 2020 e 2022. Além disso, a expansão de emendas parlamentares, com menos de 5% delas destinadas ao clima, também contribuiu para a redução.
Além da queda no volume, o perfil do gasto mudou significativamente. As despesas com adaptação e gerenciamento de riscos subiram de 24% em 2010 para quase 70% em 2023. Isso indica uma concentração dos recursos em respostas a eventos extremos já em curso.
Gastos e paradoxos na biodiversidade
A evolução dos gastos com biodiversidade mostrou um paradoxo. O relatório aponta que despesas com impacto negativo, como a construção de hidrelétricas que causam danos irreversíveis a ecossistemas, superam os gastos de impacto positivo. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima enfatiza a necessidade de avaliar cada ação com as “lentes” de mitigação e redução de emissões.
O painel interativo e o relatório completo estão disponíveis no site do MPO. A metodologia do sistema, que levou quase dois anos para ser desenvolvida, foi pensada para ser replicável por estados, municípios e até outros países.












































