Pesquisadores presentes na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém, lançaram o Relatório de Avaliação da Amazônia 2025, intitulado Conectividade da Amazônia para um Planeta Vivo.
O documento reúne evidências científicas que reforçam a importância da conectividade ecológica e sociocultural como estratégia central para conservar ecossistemas, impulsionar o desenvolvimento sustentável e promover o bem-estar humano e ambiental.
O cientista Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico para a Amazônia, alertou que a região está próxima do ponto de não retorno. “A Amazônia está na beira do ponto de não retorno, então, nós temos que salvar a Amazônia, manter a conectividade ecológica e sociocultural. E é isso que apresentamos nesse relatório”, disse Nobre.
Interconexão de Sistemas
O relatório define conectividade como a interconexão entre sistemas ecológicos e sociais, envolvendo o fluxo de recursos, informações e pessoas, dentro e fora das fronteiras geopolíticas.
A cientista indígena Sineia do Vale, também integrante do Painel Científico para a Amazônia, destacou que a solução para a Amazônia exige a união de diferentes saberes. “Para nós, conectividade é conectar a ciência da academia com a ciência indígena, porque sem essa conectividade a gente não consegue salvar a Amazônia”, afirmou. Ela ressaltou que garantir os territórios indígenas é parte crucial da solução.
O documento foi elaborado por uma rede internacional de cientistas, líderes indígenas e representantes de comunidades, incluindo Emma Torres, Marielos Peña-Claros, José Marengo, Marina Hirota, Roberto Waack, Gregorio Mirabal e Fany Kuiru.
Novo Paradigma de Políticas Públicas
O relatório foi organizado em oito capítulos temáticos, abordando desde a conectividade regional a global até a conectividade do conhecimento e dos povos amazônicos. Cada capítulo é acompanhado por Apelos à Ação, com diagnósticos e soluções já em curso nos territórios da Amazônia.
Marielos Peña-Claros, cientista boliviana e copresidente do Painel, enfatizou que a Amazônia não é uma entidade única, mas um conjunto de ecossistemas interconectados. “Populações indígenas, comunidades afrodescendentes e comunidades locais têm uma relação profunda com esses ecossistemas: não há separação entre a humanidade e a natureza”, declarou.
O documento propõe a adoção de um novo paradigma de políticas públicas integradas, que considerem os vínculos entre biodiversidade, clima, saúde, economia e conhecimento tradicional, reconhecendo o papel da Amazônia para o equilíbrio planetário.









































