A Amazônia perdeu 52 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2024, uma área equivalente ao território da França. A informação é de uma análise da série histórica do MapBiomas sobre o uso do solo, divulgada nesta segunda-feira, 15 de setembro de 2025. A perda de vegetação, que representa 13% do bioma, aproxima a floresta de seu “ponto de não retorno”, alerta o pesquisador Bruno Ferreira.
De acordo com a análise, a velocidade de conversão do solo nos últimos 40 anos é alarmante, com 83% do total da vegetação nativa suprimida no período. As áreas de vegetação deram lugar a atividades como pecuária, agricultura e mineração. A agricultura, por exemplo, aumentou 44 vezes em extensão, de 180 mil para 7,9 milhões de hectares.
O avanço da soja e a Moratória
A cultura da soja é a principal no bioma, ocupando 74,4% de toda a área agrícola da Amazônia em 2024. O estudo do MapBiomas avaliou a evolução da lavoura de soja a partir da Moratória da Soja, um acordo de 2008 que proíbe a compra da cultura cultivada em áreas desmatadas após essa data. A maior parte do avanço da soja (4,3 milhões de hectares) ocorreu após 2008, principalmente sobre áreas de pastagem e agricultura já convertidas.
Impactos e a esperança da regeneração
A maior parte da vegetação removida foi a floresta, totalizando 49,1 milhões de hectares. Como consequência, as superfícies de água da Amazônia também encolheram em 2,6 milhões de hectares, com as secas se intensificando na última década. Apesar do cenário, o estudo aponta que 2% do bioma, ou 6,9 milhões de hectares, estão em processo de regeneração, o que mostra uma oportunidade para a recuperação da área.