Autor: Emerson Barbosa
Ivaneide Bandeira Cardozo e Txai Suruí, da Associação de Defesa Etnoambiental, (Kanindé) destacaram-se no domingo de Natal como as duas maiores ativistas indígenas de Rondônia sendo homenageadas com o ‘Troféu Revelação’, do programa ‘Domingão do Huck’, da Rede Globo.
“As duas homenageadas de hoje são mãe e filha, unidas pela mesma luta. A filha se tornou conhecida mundialmente ao discursar na Conferência do Clima (COP-26), em 2021 diante dos maiores líderes globais”, anunciou a atriz paraense Dira Paes.
O trabalho desenvolvido em pouco mais de 30 anos visando a luta contra os crimes ambientais, a defesa dos direitos dos povos originários, e por último, denunciando invasões, grilagem e derrubada ilegal da floresta em territórios indígenas e reservas estaduais pela falta de políticas públicas do governo brasileiro, tem aberto os olhos das entidades mundo a fora, para a importância que algo precisa ser feito no Brasil em detrimento de salvar o que resta da Amazônia Legal.
Emocionada, Txai Surui (Walelasoetxeige) dedicou o troféu ao seu povo e aproveitou para denunciar novamente as barbáries contra indígenas brasileiros.
“Estamos lutando pelos nossos territórios, para que continuemos vivos. Essa homenagem é também a todos aqueles que foram assassinados. Tivemos mais uma liderança ‘Gurani Kaowá’ assassinada. Temos os povos isolados em Rondônia sob pressão. Não poderia subir aqui e não fazer mais essa denúncia. Esse território, o chão que a gente pisa é terra indígena”, disse.
Diante de convidados que fazem a televisão brasileira, principalmente a massa artística e de jornalistas conceituados da TV Globo, Txai continuou o discurso revelando as ameaças contra as suas integridades físicas, ela foi aclamada de pé.
Ivaneide Cardozo levantou as bandeiras dos povos, incluindo os negros, os LGBTQIA+, os pobres. Mencionou que nos últimos quatros anos foram esquecidos pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
“Fomos ameaçados o tempo todo, tivemos que aguentar. Chamávamos o governo para ir retirar os invasores da terra e ele (governo federal) não ir. Tivemos que aguentar os nosso sendo mortos sem que nada fosse feito para salvá-los. Lutamos, fomos para a rua”, desabafou.
Neidinha também destacou a luta do povo brasileiro conseguindo por meio do voto derrotar da presidência Bolsonaro, acusado de fazer um governo omisso perante as causas ambientais e aos direitos dos indígenas.
“E o povo brasileiro a quem eu faço minha homenagem, que teve a coragem de ir para a rua e dizer não aquilo tudo que estava ocorrendo. Eu acredito que nós juntos, os povos deste país, Brasil, deste país que é nosso devem entender que para mudar temos que ajudar a fazer a mudança”, conclamou.
Bandeira finalizou o discurso pontuando que os biomas e a democracia devem ser incluídos na lista de prioridades para salvar a nação.
“Precisamos entender que a Amazônia, a Mata Atlântica, o Pantanal, serrado, o Pampa, precisam serem ajudados. Precisamos entender que a vida do povo brasileiro, que a democracia do país necessita de nós: ditadura nunca mais”, finalizou Neide, sendo muito aplaudida pelos artistas.