Autor: Emerson Barbosa
Símbolo de resistência e luta, a morte do ‘Índio do Buraco’, que vivia na região do rio Tanaru, entre Pimenta Bueno e Vilhena foi amplamente lamentada por indigenistas e pessoas que lutam pela sobrevivência do meio ambiente, na Amazônia Legal.
A coordenadora da Associação Etinoambiental Kanindé descreveu a morte do índio como uma grande perda para toda a comunidade. “Esse indígena era um símbolo de resistência. Todo o seu povo foi massacrado, todo o seu povo foi morto. Ele foi o único que restou e nunca aceitou o contato com o não-indígena”, declara a ativista rondoniense.
A ativista rondoniense Txai Suruí usou suas redes sociais também para lamentar a morte do homem que se obrigou a viver isolado mediante aos traumas causados pela dizimação do seu povo. “Morre o último homem de um povo. Mais um genocídio no Brasil. O “índio do buraco”, como era conhecido, símbolo de resistência pois negou até seus últimos dias o contato com o não-indígena”, disse.
A reportagem apurou que o ‘Índio do Buraco’ como ficou conhecido, simplesmente pela prática de cavar buracos ao redor da área em que vivia, foi achado morto na quarta-feira, (24).
Ele estava no seu tapiri, onde costumava se abrigar. Segundo descreveu Txai Suruí, o indígena estaria deitado em uma rede e aparamentado, ou seja, usando trajes com [penas de arara] como se estivesse esperando pela sua morte.
Informações do jornalista Rubens Valente, do site Pública, revelam que o corpo do indígena foi translado para Instituto Médico Legal de Porto Velho (IML) Rondônia, onde será submetido a exames que irão comprovar com precisão a causa da morte, inclusive a data correta.
Em entrevista ao jornalista, Marcelo Santos, um dos indigenistas, que juntamente como Altair Algayer, foram os primeiros a fazer a descoberta do isolado, esclareceu que espera que “o governo brasileiro faça o enterro do indígena no mesmo local em que ele viveu e morreu, fazendo jus a resistência e luta de um povo ‘estigmatizado’ pela ação humana”.
Em uma das expedições da Fundação Nacional do Índio (Funai), o indígena contactado pela primeira vez no ano de 1996 de tão arredio a presença de outros humanos chegou a lançar flechas contra servidores que participavam da excursão. Acredita-se que o ‘índio do buraco’ que se desconhecia a etnia estaria na casa dos 54 anos.
Com sua partida, a preocupação é de que o desmatamento para dentro do Território Indígena que contempla uma área de 8 mil hectares se alastre, assim como as invasões. “A terra onde ele vivia precisa ser preservada como símbolo dessa resistência e luta. É preciso mudar as políticas para os povos indígenas no Brasil, que é uma política que está levando ao genocídio”, lamenta Ivaneide Bandeira da Kanindé.