A Corrida de São Silvestre completa sua centésima edição em 2025, atingindo um marco histórico no esporte brasileiro com mais de 50 mil corredores inscritos, o maior número já registrado. O evento, criado em 1925 pelo jornalista Cásper Líbero, nasceu inspirado em uma prova noturna vista em Paris e, desde então, se tornou um dos símbolos esportivos e culturais mais fortes do país. A tradição permanece: a largada acontece sempre no dia 31 de dezembro, transformando as ruas de São Paulo em palco para celebração esportiva e humana.
Criada para ocorrer na virada do ano, a primeira edição contou com 60 inscritos e teve como vencedor Alfredo Gomes, primeiro atleta negro a representar o Brasil em Jogos Olímpicos. Um século depois, a prova mantém o caráter democrático e emocional, reunindo profissionais, amadores, cadeirantes e atletas PCDs em um grande encontro esportivo. A São Silvestre se transforma, ano após ano, em vitrine de histórias de superação, reforçando seu valor simbólico muito além da competição.
A corrida já viveu diferentes eras. De participação apenas nacional até 1944, tornou-se internacional em 1945, e desde então consagrou nomes como o brasileiríssimo José João da Silva, que encerrou um jejum de 34 anos sem vitórias nacionais ao vencer em 1980, e Marílson Gomes dos Santos, maior vencedor brasileiro, com três conquistas. No feminino, Maria Zeferina Baldaia e sua trajetória de superação — correndo por anos descalça antes de alcançar a vitória — seguem inspirando gerações.
Figuras como Rosa Mota, maior vencedora da história com seis títulos, e o queniano Paul Tergat, dono de cinco vitórias, evidenciam o peso internacional da prova. Esses nomes ajudam a moldar a identidade da São Silvestre, marcada pela força cultural, pela emoção popular e pela sensação de que cada linha de chegada pode redefinir uma vida.
A largada em ondas, separada por categorias como elite feminina, elite masculina, PCDs e público geral, reforça a inclusão e estimula desafios individuais. Muitos participantes não buscam pódio, mas sim superar marcas pessoais, celebrar o ano novo e ocupar a cidade de forma afetiva. A prova conecta corredores à memória de São Paulo: avenidas icônicas, pontos históricos e cenários urbanos que ganham novos significados a cada edição.
Em 2025, além do recorde histórico de inscritos, a celebração se estende à TV. O especial “100 Vezes São Silvestre”, do programa Caminhos da Reportagem, será exibido em edição especial, reforçando o legado centenário desse evento que move multidões e inspira o país.
A centésima São Silvestre não é apenas um número — é a confirmação de que, em cem voltas ao calendário, a corrida se tornou identidade, inspiração e celebração. Um retrato do Brasil em movimento.











































