O mercado de trabalho brasileiro registrou avanços importantes entre abril e junho de 2025. A taxa de desemprego recuou para 5,8%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingindo o menor patamar desde o início da série em 2012.
No trimestre, o país contabilizou 102,3 milhões de trabalhadores ocupados, um recorde histórico. Ao mesmo tempo, o número de pessoas desocupadas caiu para 6,3 milhões, redução de 1,3 milhão em relação ao trimestre anterior e de 1,1 milhão frente a 2024.
Desemprego em queda em quase todo o país
Em 18 dos 27 estados, o desemprego recuou. Os melhores resultados foram registrados em Santa Catarina (2,2%), Rondônia (2,3%) e Mato Grosso (2,8%). No outro extremo, os índices mais altos ficaram com Pernambuco (10,4%), Bahia (9,1%) e Distrito Federal (8,7%).
As disparidades também se refletem em gênero, raça e educação. Enquanto o desemprego masculino foi de 4,8%, entre as mulheres chegou a 6,9%. Pessoas brancas registraram taxa de 4,8%, abaixo da média, enquanto negros (7%) e pardos (6,4%) apresentaram números mais elevados.
A escolaridade continua sendo um fator decisivo: quem não concluiu o ensino médio enfrenta 9,4% de desemprego, contra apenas 3,2% entre quem possui ensino superior completo.
Informalidade ainda preocupa
Apesar da melhora, 37,8% da população ocupada ainda atua na informalidade, o que representa 38,7 milhões de pessoas. As taxas mais altas foram observadas no Maranhão (56,2%), Pará (55,9%) e Bahia (52,3%).
Em contrapartida, estados com maior peso da indústria, como Santa Catarina (24,7%) e São Paulo (29,2%), apresentaram os índices mais baixos.
No setor formal, os assalariados com carteira assinada chegaram a 39 milhões, o maior número já registrado, correspondendo a 74,2% dos trabalhadores do setor privado.
Renda em alta e subutilização em queda
O rendimento médio real subiu para R$ 3.477, o maior da série histórica, com alta de 1,1% no trimestre e 3,3% em relação a 2024. A renda total habitual atingiu R$ 351,2 bilhões, também um recorde.
A subutilização da força de trabalho caiu para 14,4%, representando 16,5 milhões de pessoas, o menor nível desde 2012.
Jovens: avanços, mas desafios persistem
A taxa de desemprego entre jovens de 14 a 24 anos caiu de 25,2% em 2019 para 14,3% em 2024, segundo estudo do Centro de Integração Escola-Empresa (Ciee) em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego.
O número de jovens que não estudam nem trabalham recuou para 5,3 milhões, o menor da série. O avanço está ligado ao crescimento dos estágios, que passaram de 642 mil em 2023 para 990 mil em 2025.
Apesar disso, dois terços dos jovens empregados recebem menos de R$ 1.854, e apenas 2,4% têm salários acima de R$ 3.036. Além disso, 26% relatam problemas de saúde mental relacionados ao trabalho.
Perspectivas
Os resultados positivos refletem o dinamismo econômico e políticas que incentivam a formalização. Porém, o desafio permanece em relação à qualidade do emprego, especialmente para os jovens, mulheres e populações mais vulneráveis.
Segundo o IBGE, a consolidação dessa melhora depende da manutenção do crescimento econômico e de políticas voltadas à inclusão produtiva e à redução da informalidade.