O número de alunos negros no ensino superior mais do que triplicou, tanto em proporção quanto em número absoluto, sendo os cursos de licenciatura os mais procurados por essa parcela. Por outro lado, o curso de medicina não acompanhou a mesma trajetória, sendo o com menor proporção de negros entre os matriculados do ensino superior na modalidade presencial.
O dado foi apurado pelo Quero Bolsa, principal plataforma de inclusão no ensino superior com bolsas de estudo, com base no Censo da Educação do Ensino Superior 2018, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Ainda de acordo com o levantamento, em 2010, 8,4% dos alunos do curso eram negros. Já em 2018, essa proporção subiu para 24,6%, registrando alta de 194%.
Dos cursos de licenciatura que mais incluem negros no ensino superior, estão Ciências Naturais, com 62%, Formação de Professores em Letras (49%), Química (49%), Matemática (48%), Física (48%) e Geografia (48%).
"A ampla oferta de cursos nas redes pública e privada, além do menor custo com mensalidades explicam, em parte, a maior proporção de negros nos cursos de licenciatura. Para uma população que sofre mais com as limitações do ensino básico público e de renda, tais fatores acabam indicando a via de acesso ao ensino superior", observa Lucas Gomes, diretor de ensino superior da plataforma Quero Bolsa.
Por outro lado, o curso de Medicina é o que menos conta com negros em salas de aula, sendo representados por 24,64% do total de estudantes.
"O curso de Medicina demanda um alto investimento para estudar nas universidades privadas, com mensalidades que superam facilmente R$ 8 mil. Nas universidades públicas, apesar de não haver a mensalidade, o custo para se manter é o mesmo e a concorrência, ainda mais elevada", explica Lucas. "Como, segundo o IBGE, pretos e pardos têm, em média, uma renda 75% menor do que brancos, as políticas de inclusão têm efeito limitado", conclui.
Presença do negro no ensino superior aumentou na última década
Entre 2010 e 2018, a presença do negro no ensino superior passou de 11,7% em 2010 para 35,7% em 2018, sendo pretos 7,28% do total e pardos 28,41%.
É importante observar, ainda, que o salto registrado entre 2013 e 2014 deve-se à consolidação da Lei das Cotas (com implantação progressiva entre 2013 e 2016). Entretanto, a taxa ainda está bem abaixo da proporção de negros na sociedade, que representam 55,8% da população total, de acordo com dados do IBGE.
Os 5 cursos presenciais com menor inclusão de negros
Além de Medicina, completam a lista dos 5 cursos com menor inclusão de negros no ensino superior: Design (26,3%), Moda (26,4%), Design Gráfico (26,5%) e Medicina Veterinária (26,6%).
Os 5 cursos presenciais com maior inclusão de negros
A lista dos 5 cursos mais inclusivos é composta por Formação de Professores em Ciências Naturais (62%), Serviço Social (50%), Formação de Professores em Letras (49%), Formação de Professores em Química (49%) e Formação de Professores em Matemática (49%).
Os 5 cursos a distância com menor inclusão de negros
Na modalidade a distância, a lista dos 5 cursos menos inclusivos é composta por Gestão de Negócios (23%), Formação de Professor em Artes Visuais (25%), Gestão Comercial (26%), Marketing (26%) e Gestão Financeira (28%).
Os 5 cursos a distância com maior inclusão de negros
Enfermagem (77%), Educação Física (49%), Serviço Social (47%), Administração Pública (45%) e Gestão de Pessoas (39%) são os cursos com maior participação de negros entre os matriculados.
Sobre o Quero Bolsa
O Quero Bolsa (http://querobolsa.com.br) conecta alunos a instituições de ensino e oferece vagas e bolsas de estudo em cursos de Ensino Superior, Ensino Básico, Idiomas e Intercâmbio. Em um cenário em que apenas 15,7% dos adultos brasileiros concluíram a graduação, segundo dados do IBGE, ele cresce a passos largos e já gerou uma economia de mais de R$ 1,3 bilhão para alunos do país inteiro. Atualmente a plataforma conta com mais de 6 mil escolas parceiras, 1.600 instituições de ensino superior, 2.500 de ensino básico, além de mais de 10 mil opções de cursos de idiomas e 50 mil de intercâmbio.