O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, embaixador Celso Amorim, declarou que o governo dos Estados Unidos não tem mostrado interesse em negociar as tarifas comerciais impostas ao Brasil. Durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados, Amorim afirmou que, ao impor sobretaxas a dezenas de países, o governo norte-americano coloca em xeque o sistema multilateral de comércio, construído por meio de acordos globais desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Amorim destacou que, para o Brasil, a situação tem características específicas. Ele ressaltou que, no caso brasileiro, houve uma mistura explícita de questões comerciais com políticas internas, o que é um fato singular nas relações com o governo de Donald Trump. O embaixador lembrou que o próprio texto de uma Ordem Executiva americana vinculou o aumento das tarifas ao fato de Jair Bolsonaro responder a processos judiciais no Brasil.
Desrespeito diplomático e tentativas de diálogo
O embaixador também criticou a postura do governo dos EUA e do presidente Donald Trump, citando o teor de uma mensagem enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A carta, segundo Amorim, foi divulgada publicamente antes mesmo de Lula recebê-la, fugindo totalmente das práticas diplomáticas.
Apesar da postura dos Estados Unidos, Celso Amorim reafirmou a disposição do Brasil para o diálogo. Ele garantiu que o governo brasileiro não adotou nenhuma ação hostil e buscou negociações. O embaixador mencionou que, em uma tentativa de contato, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a agendar uma conversa telefônica com o secretário de Tesouro dos EUA, mas o encontro foi cancelado por uma “interferência externa”.