Os Estados Unidos adquiriram 8% de todo o petróleo exportado pela Petrobras no segundo trimestre de 2025. Em relação a derivados de petróleo, como diesel e querosene de aviação, a participação americana é ainda maior, alcançando 28%. Esses dados foram divulgados no relatório trimestral de produção e vendas da Petrobras nesta terça-feira (29).
Isenção do Tarifaço e Contexto Político
Recentemente, havia grande receio de que as exportações de petróleo brasileiro fossem taxadas em 50% ao chegarem aos Estados Unidos. No entanto, o presidente americano, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) uma ordem executiva que, embora determine um tarifaço contra diversos itens provenientes do Brasil, traça exceções, incluindo minérios, fertilizantes e produtos de energia, o que engloba o petróleo.
A imposição das tarifas sobre os demais itens brasileiros foi justificada pela Casa Branca com a alegação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, estaria sofrendo perseguição política. Paralelamente, os americanos também iniciaram uma investigação interna contra práticas comerciais do Brasil que consideram desleais, como o Pix.
Petróleo como Principal Produto de Exportação e Destinos
O petróleo encerrou 2024 como o principal produto da pauta de exportações brasileiras, superando a soja. As vendas de óleo bruto de petróleo ou de minerais atingiram US$ 44,8 bilhões, representando 13,3% das exportações totais do país, segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
A Petrobras é a maior produtora de petróleo do Brasil. Dados de maio da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) indicam que os campos operados exclusivamente pela Petrobras respondem por 22,6% da produção de petróleo e gás, e, contando os postos operados em consórcio, a estatal representa 89,30% da produção nacional.
Em relação à exportação de petróleo pela Petrobras, os 8% destinados aos Estados Unidos ficam atrás da China (54%), Europa (19%) e Ásia (exceto China, com 12%), e à frente da América Latina (6%) e África do Sul (2%). O percentual que seguiu para os EUA no segundo trimestre de 2025 foi menor que no primeiro trimestre de 2025 (4%) e no mesmo período de 2024 (5%).
Busca por Novos Mercados e Produção Total
A Petrobras contextualiza que a China aumentou sua participação nos destinos das exportações de 50% para 54% em comparação com o segundo trimestre de 2024, o que resultou em uma redução das exportações para a Europa e o restante da Ásia. América Latina e EUA, por sua vez, aumentaram marginalmente sua participação.
A estatal informou que mantém um trabalho contínuo de desenvolvimento de mercado para os óleos do pré-sal, buscando tanto novos clientes quanto a alocação de novas correntes para clientes existentes, como a primeira venda para uma refinaria na África do Sul. Do volume de derivados exportados, os Estados Unidos (28%) ocupam a segunda posição, atrás apenas de Cingapura (63%), mas essa participação americana tem mostrado tendência de queda (era 37% no primeiro trimestre de 2025 e 50% no segundo trimestre de 2024).
O relatório da Petrobras também aponta que, no segundo trimestre de 2025, a produção total de petróleo e gás natural somou 2,9 milhões de barris, um crescimento de 5% em relação ao primeiro trimestre e de 8,1% na comparação com o mesmo período de 2024.