Em meio aos sons da floresta urbana de Porto Velho, uma jovem transforma o silêncio em arte. A Ascensão da Cigarra, curta-metragem dirigido e roteirizado por Ana Clara Ribeiro, estreia no dia 29 de outubro, no Teatro Banzeiros, com sessão gratuita e acessibilidade, incluindo debate da equipe ao final. A obra propõe uma imersão sensorial sobre o poder da escrita e da criação como caminhos de resistência e renascimento.
A protagonista, Tistica, sobrevive redigindo textos para funerárias durante a pandemia. Sozinha diante da tela do computador, enfrenta memórias do passado e busca erguer, simbólica e fisicamente, a própria coluna. Inspirado no ciclo vital das cigarras, que passam anos sob a terra antes de emergirem por apenas duas semanas, o filme transforma esse fenômeno natural em metáfora da existência, da criação artística e da persistência da vida.
Para a diretora e roteirista Ana Clara Ribeiro, o curta tenta filmar o processo invisível da descoberta de uma artista. “O curta entrelaça ficção, performance e animação para construir uma experiência sensorial. Através da figura feminina que habita o espaço-tempo da metamorfose, o filme evoca o silêncio das raízes e a explosão sonora da superfície, numa jornada que atravessa o desconhecido.”
Misturando ficção, falso documentário, imagens de arquivo e animação, o filme constrói uma experiência visual e emocional que atravessa o espectador. As lembranças, sons de cigarras e gestos de Tistica revelam uma Amazônia interior, um território sensível onde a dor se transforma em linguagem.
Realizado com uma equipe majoritariamente feminina e diversa, formada por mais de 25 profissionais de Rondônia, o curta reafirma o papel das mulheres na produção audiovisual amazônica. “Um lembrete de que a arte, quando investigada no subterrâneo da gente, tem o poder de nos fazer ascender”, explica Ana Clara Ribeiro.
O projeto foi contemplado na linha Bolsas para Artes em Vídeo do Edital 001/2024 – SEJUCEL/SIEC – Lei Paulo Gustavo, com classificação indicativa de 12 anos. Realizado com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura, o curta-metragem tem como objetivo valorizar talentos locais, fortalecer o protagonismo feminino e promover um cinema amazônico diverso, inclusivo e representativo.