Na grande tela, o mundo pôde rever duas figuras emblemáticas que, há décadas, dedicam suas vidas ao ativismo, principalmente a causas que envolvem o desmatamento da floresta amazônica em Rondônia e a segurança e proteção dos povos indígenas.
No FICA, que este ano trouxe como tema “Cerrado: a savana brasileira e o equilíbrio do clima”, o filme Minha Terra Estrangeira, do diretor João Moreira Salles, apresentou a missão de duas gerações: uma que viu de perto o sofrimento trazido pelo colonialismo e outra que, atualmente, enxerga na luta a continuação da defesa dos direitos do seu povo na Amazônia rondoniense.
No Cine Teatro São Joaquim, em Goiás, o filme foi exibido e recebeu o reconhecimento do público, que assistiu em silêncio às mensagens e alertas dos denunciantes. “Essas pessoas vivem a dura realidade de um estado onde o próprio Legislativo ameaça as leis ambientais de proteção às reservas públicas”, pontuou um dos espectadores.
Um debate com Almir e Txai (representantes do filme), Christyann Ritse (Coletivo Lakapoy), João Moreira Salles e Louise Botkay seguiu-se à exibição de Minha Terra Estrangeira, um documentário que emocionou profundamente o público. “Passou o filme, ficaram os encontros. FICA, e fica mesmo! Cinema em tela grande com uma projeção espetacular, em cidade histórica, em festival essencial. Eu voltei cheio de gratidão. Ainda estou sob efeito de tanta poesia”, declarou Ritse em seu Instagram.
Almir Suruí, líder do povo Suruí, e Txai Suruí são os personagens reais desta história, no epicentro de um estado que se vê às voltas com crimes ambientais e invasões de terras indígenas. Minha Terra Estrangeira é mais um documentário rondoniense de impacto, por seu desafiador contexto.
Neidinha Suruí, da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, reconhece a importância das histórias de luta e, principalmente, que elas sejam contadas para que o futuro não esqueça que, antes de uma terra em paz, houve luta. “Minha Terra Estrangeira: uma história linda com Txai Suruí e Almir Suruí”, afirma.
No festival, o dia também foi de reencontros. Cardozo aproveitou o momento para rever amigos, como a atual secretária de Estado da Educação de Goiás, Fátima Gavioli, que já foi titular da Secretaria Estadual de Educação de Rondônia (SEDUC). “Encontrei a secretária de Educação aqui no FICA; foi um enorme prazer”, disse.
Minha Terra Estrangeira conta com a direção do Coletivo Lakapoy, composto pelos cineastas Ubiratan Suruí, Xener Paiter, Christian Ritse, Gisabel Borba Leite, Louise Botkay e João Moreira Salles.