Um dos maiores acervos arqueológicos catalogados, retratando as raízes dos ancestrais que já povoaram Rondônia, é uma das atrações mais procuradas dentro do complexo da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
A exposição “Arqueologia e Diversidade: 10 mil anos de história no Rio Madeira” tem atraído, desde sua inauguração em 2023, milhares de visitantes. “Sim, todos os dias vem gente por aqui; ontem mesmo recebemos uma escola com alunos da Vila DNIT, após a ponte do Rio Madeira”, informa um dos estudantes de Arqueologia e monitor da exposição, Ander Fábio.

O fascínio pela história não poderia ser diferente, tendo em vista que o setor apresenta, de maneira fidedigna e por meio de estudos e pesquisas, as verdadeiras raízes dos habitantes que povoaram as terras que deram origem ao atual estado de Rondônia, na região Norte do Brasil.

Nos mostruários, localizados no Departamento da Reserva Técnica dos Acervos Arqueológicos do Departamento de Arqueologia da Universidade Federal de Rondônia (DARQ/UNIR), estão expostos fragmentos e artefatos de peças documentadas ao longo dos trabalhos que começaram com a instalação das usinas hidrelétricas do Rio Madeira.

Algumas peças guardam tantos detalhes que ainda existem estudos em torno de alguns “achados”, como, por exemplo, rostos em pequenas “lascas” que já tinham sido catalogadas e expostas. Para os arqueólogos, isso denuncia as características milimetricamente minuciosas usadas pelos antigos ancestrais.

“Impressiona-me bastante saber que o estado de Rondônia tem uma história própria, que foge um pouco do estereótipo do colonialismo e da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), ao qual os livros remetem. Vejo também sua total importância, principalmente em razão dos povos que viveram aqui e que nos legaram tanta história, inclusive as minhas raízes”, comenta o estudante Juciel Karitina.

Mas a história em torno das pesquisas remete à existência de comunidades contínuas, e isso pode ser comprovado graças aos estudos realizados no solo e em torno do Rio Madeira, na região de Porto Velho, que complementam o acervo arqueológico da Unir.
“Temos aqui a história passeando sob os nossos pés e diante dos nossos olhos”, complementa o discente de Letras Carlos Rivero.

Entre as aulas, alguns minutos de intervalo permitiram que os discentes visitassem a exposição. A curiosidade em torno do acervo revela o mesmo sentimento de quem visita o local pela primeira vez, que, até bem pouco tempo, só existia por meio de lendas contadas pelos mais velhos.
“Hoje, sabe-se que a terra onde muitos nasceram, como nós mesmos, e onde caminhamos, guarda o ‘gene’ dos verdadeiros povos da terra que fez surgir o que hoje chamamos de Rondônia. Com todo o respeito àqueles que chegaram aqui por conta da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, mas antes desse feito, nossa terra já tinha um ‘selo’ de identificação dando conta de nossa identidade ancestral”, pontua Barbosa Afonso.

Estima-se que, hoje, o acervo do DARQ/Unir se aproxime de 10 milhões de fragmentos, compostos por vasilhas de cerâmica, rochas lascadas e polidas (líticos), carvões, sementes, restos ósseos faunísticos, vidros, louças e metais.
A visitação ao público em geral, para a exposição “Arqueologia e Diversidade – 10 mil anos de história no Rio Madeira”, acontece de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 17h. As visitas devem ser solicitadas com antecedência.