Os produtores rurais da região de Cujubim, no interior de Rondônia, cansaram de esperar por justiça e resolveram cruzar os braços — ou melhor, as estradas. Nesta terça-feira (10), eles prometem fechar o trevo da cidade na BR-364, em protesto contra o que chamam de perseguição ambiental e abandono institucional. A revolta ganhou força após a morte de mais de 20 cabeças de gado, impedidas de seguir viagem por falta de documentação, mesmo com nota fiscal e GTA emitidas dias antes pelo próprio Estado.
A bronca maior gira em torno da Estação Ecológica Soldado da Borracha, criada sem consulta nem dinheiro pra indenizar os donos das terras, que vivem ali há mais de 40 anos. Mesmo depois do governo estadual ter reconhecido o erro e anulado o decreto, o Ministério Público entrou na Justiça pra manter a área como reserva, deixando mais de 760 propriedades produtivas no limbo. “Não podemos ser tratados como invasores em nossas próprias terras”, desabafa um dos líderes da manifestação.
Os produtores denunciam que quase metade das áreas rurais da região estão embargadas. Sem GTA, não se vende, não se transporta, não se planta nem se colhe. É como amarrar as mãos de quem alimenta a cidade. “A Sedam libera hoje, embarga amanhã, e quem paga o pato é o pequeno produtor que vê o gado morrer na carroceria”, diz uma liderança em entrevista ao News Rondônia.
Nos últimos dias, há relatos de que ccaminhões com 18 animais ficaram retidos por dias na estrada, com sede, fome e sob o sol quente, até que parte dos bois morreu eles foram impedidos de prosseguir viagem por conta de que o destino final seria uma terra embargada. Os motoristas, boiadeiros populares, não tinham condições de retornar ao ponto de origem.
A Associação dos Produtores Rurais e Pecuaristas Soldado da Borracha cobra a liberação imediata das GTAs, o cancelamento das reservas criadas sem amparo legal e melhorias básicas para o campo, como estradas, energia e saúde. “Não queremos esmola, queremos respeito. E se for preciso parar o estado pra sermos ouvidos, então vamos parar”, afirmam. A mobilização está marcada e a decisão está tomada: ou o governo escuta, ou o campo para.
ADESÃO DO COMÉRCIO
Parte do comércio de Cujubim também vai fechar as portas principalmente do setor do agronegócio. Casas agropecuárias publicaram em redes sociais decisão em apoio aos produtores rurais e pecuaristas da cidade. A medida é para que a sociedade também promova apoio às pautas do campo.