Fãs de quadrinhos sempre reclamaram que os filmes de seus super-heróis preferidos, por melhores que sejam, ignoram as HQs, meio em que esses personagens nasceram e se desenvolveram.
Questão que foi – ou pelo menos boa parte dela – resolvida em Homem-Aranha: No Aranhaverso, animação que estreia nesta quinta-feira (10) nos cinemas e que pode facilmente ser classificada como um dos 5 melhores filmes de super-herói já feitos até hoje.
Diferentemente de muitos de seus pares lançados nos últimos anos, a animação dirigida pela dupla Bob Persichetti e Peter Ramsey utiliza a estética dos quadrinhos de um jeito muito contemporânea, mas que nunca se esquece de suas raízes.
Sua narrativa moderniza elementos gráficos típicos das HQs, como o design das páginas e aqueles balõezinhos de “Pow!”, “Kapow!”, “Bam!”, “Sock!” que tornaram-se icônicos com o Batman da série de TV dos anos 1960.
"Novo" Homem-Aranha é Miles Morales, um garoto pobre do Brooklyn filho de um policial negro e de uma enfermeira porto-riquenha.
Isso sem falar no quanto o filme está em sintonia com o mundo de hoje e seu principal público, os adolescentes. A diversidade é tratada com naturalidade e seu ritmo alucinante e cheio de informações pipocando por todos os cantos da tela pode até ser estranho para o público mais velho, mas a molecada vai tirar de letra.
Em Homem-Aranha: No Aranhaverso, Miles Morales é um típico adolescente pobre do Brooklyn (região de Nova York). Filho de um policial negro e uma enfermeira porto-riquenha, ele acaba de conseguir uma bolsa em uma escola de elite. Em uma aventura com seu tio grafiteiro, ele acaba sendo picado por uma aranha similar a que transformou Peter Parker no Homem-Aranha. Logo depois disso, ele vê Parker morrer em uma luta contra o Rei do Crime. Ao visitar o túmulo de seu herói, Morales acaba cruzando com um misterioso homem que, estranhamente, mostra ser Peter Parker. Mas ele não é o Peter Parker que ele conhecia.
Versões do Homem-Aranha de diferentes universos se encontram no mundo de Miles Morales.
Morales apareceu pela 1ª vez nas aventuras do Homem-Aranha em 2011, como uma versão do herói de um universo paralelo. O Aranhaverso como um todo apareceu nos quadrinhos The Amazing Spider-Man em 2014. O evento apresentou todas as versões do Homem-Aranha já retratadas em diversas mídias, incluindo quadrinhos, séries e filmes.
Essa linha do tempo que converge diversos universos com “Homens-Aranha” diferentes – onde o personagem pode ser uma mulher, um robô e até um porco – pode parecer confusa, mas é retratada com clareza e humor, sem nunca cair no didatismo.
Atual vencedor do Globo de Ouro de Melhor Animação, Homem-Aranha: No Aranhaverso é um sopro de inovação em um gênero que já parecia estagnado. Parece que, pelo menos no cinema, 2019 tem tudo para ser um ótimo ano.