A pulseira eCoffee Energyband, que utiliza estimulação elétrica no pulso para manter o usuário acordado, viralizou após ser exibida em uma feira de tecnologia na China. O dispositivo, vendido por US$ 130 (cerca de R$ 750), esgotou em plataformas como JD e Taobao depois de repercutir em redes sociais e veículos especializados.
Criada pela empresa canadense WAT Medical e lançada no fim de 2023, a pulseira possui dois eletrodos que enviam impulsos ao nervo mediano do punho. Segundo a fabricante, o estímulo aumentaria o estado de alerta sem causar dependência, como ocorre com o consumo excessivo de cafeína.
Como funciona a tecnologia
A empresa afirma que o dispositivo atua sobre o nervo vago, responsável por funções como o ritmo cardíaco e a resposta ao estresse. No entanto, não há estudos conclusivos que confirmem essa ação específica quando aplicada no pulso. Pesquisas citadas pela marca tratam de outros contextos clínicos e, em alguns casos, descrevem apenas o design do aparelho, sem detalhar a tecnologia interna.
Especialistas também questionam a eficácia:
- Omer Inan, da Georgia Tech, afirma que faltam pesquisas clínicas rigorosas.
- J. Douglas Bremner, da Universidade Emory, reconhece que a estimulação do nervo vago pode melhorar a concentração, mas isso ocorre em dispositivos aplicados no pescoço, não no punho.

Empresa afirma que a pulseira eCoffee aumentar alerta (imagem: reprodução/Emerlem)
A única contraindicação mencionada pela fabricante é a possibilidade de dormência na mão, razão pela qual o uso é limitado a três horas por dia.
Rejeição nas redes chinesas
A repercussão negativa na China parte principalmente da associação do produto à cultura de hiperprodutividade, especialmente à rotina conhecida como “996” — trabalhar das 9h às 21h, seis dias por semana.
Usuários compararam a pulseira a coleiras elétricas e até a métodos de tortura. A crítica de maior repercussão veio do comediante Ma Xiaoyang, que ironizou a proposta do dispositivo ao dizer que, em vez de descansar quando cansado, “seria melhor se eletrocutar”.
Estudos não confirmam eficácia anunciada
Entre os estudos citados pela empresa, um deles testou um dispositivo semelhante em pacientes pós-cirurgia na China. O resultado apontou melhora em casos de vômitos, mas nenhum efeito em náuseas, apesar de a fabricante divulgar eficácia de 86% para ambas as condições.
Outra inconsistência é a lista de supostos médicos parceiros: um dos profissionais citados é especialista em procedimentos estéticos, sem relação com neurologia ou estudos sobre estimulação elétrica.
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