Um levantamento da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados analisou 173 mil publicações sobre menstruação entre janeiro de 2024 e outubro de 2025, registrando 12,4 milhões de interações. Embora a maior parte dos posts trate o assunto com humor ou mencione situações cotidianas, os temas com viés social e político — como pobreza menstrual, impacto na educação e no trabalho, e licença menstrual — são os que mais mobilizam o público.
Segundo Ana Klarissa Leite e Aguiar, diretora de Inteligência de Dados da Nexus, o engajamento nesses temas é 1,8 vez maior do que nos demais conteúdos sobre rotina menstrual, indicando forte interesse social. Ela observa que políticas públicas recentes, como a distribuição gratuita de absorventes pelo Ministério da Saúde, impulsionam as discussões.
Subtemas que mais repercutem
O estudo mapeou 22 subtemas. Entre eles, dois se destacaram pelo engajamento:
- Menstruação em crises humanitárias — apenas 0,34% dos posts, mas com 870 interações por publicação, o maior índice entre todos os grupos.
- Licença menstrual — 0,48% das postagens, com média de 828 interações, sete vezes superior ao volume de conteúdo gerado.
Apesar disso, no volume total de posts, predominam temas como cólicas e dor menstrual (45%), saúde feminina (20%) e TPM (17%).
Debate mais amplo que pobreza menstrual
Para Klarissa, a discussão transcende o acesso a absorventes. Envolve dignidade, infraestrutura, educação e saúde da mulher. Esses temas, explica, têm maior “poder de narrativa”, gerando conversas mais profundas do que relatos pessoais e memes.
ONG amplia impacto social
O estudo também destaca iniciativas como a ONG Fluxo Sem Tabu, criada em 2020 por Luana Escamilla, então com 16 anos. A organização já atendeu 28 mil mulheres em todas as regiões do país e mantém 30 voluntárias.
Entre as ações, está o Banheiro Fluxo, que realiza melhorias em espaços públicos para torná-los mais seguros e adequados à higiene menstrual. A ONG também leva ginecologistas a comunidades e produz campanhas educativas — a mais recente abordou menstruação e esporte, atendendo mais de 370 atletas.
A entidade estima que 713 mil meninas no Brasil não têm banheiro ou chuveiro em casa durante o período menstrual e que mais de 1 milhão não contam com papel higiênico nas escolas. Até 2030, a meta é impactar 50 milhões de pessoas com informações sobre saúde menstrual.












































