A corrida se destaca entre as recomendações para o combate à ansiedade. A ciência explica que o exercício não é apenas um treino para o corpo, mas também um aliado poderoso da mente, promovendo uma série de reações fisiológicas e psicológicas que trazem recompensa.
Uma ampla revisão da literatura sobre corrida e saúde mental analisou 116 estudos e concluiu que sessões de corrida, mesmo curtas (entre 10 e 60 minutos), estão associadas à melhora do humor e à redução de sintomas depressivos e de ansiedade.
Durante a corrida, o corpo e o cérebro entram em ação de formas complexas, liberando substâncias químicas que ajudam a modular o sistema nervoso.
Neurotransmissores em Ação
De acordo com o professor Marco Túlio de Mello, da UFMG, a liberação de beta-endorfina atua na redução da dor e funciona como um gatilho para a liberação de dopamina.
A dopamina é o neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e satisfação, gerando a recompensa sentida durante e após o exercício. Quanto mais a pessoa gosta de correr, mais intenso é esse efeito.
O professor Ricardo Mario Arida, da Unifesp, acrescenta que o esforço contínuo também libera serotonina e noradrenalina. Esses neurotransmissores regulam o funcionamento do sistema nervoso e, ao serem modulados pelo exercício, ajudam a estabilizar o humor e reduzir a tensão.
Além dos neurotransmissores, a corrida ativa:
Sistema Opioide: Libera endorfinas que reduzem a sensação de dor e promovem conforto, aliviando tensões musculares.
Sistema Endocanabinoide: Ajuda a regular o humor, o estresse e o apetite, contribuindo para sensações de relaxamento e calma.
Esses sistemas trabalham em conjunto para gerar a chamada “euforia do corredor”.
Efeitos Psicológicos
Correr também é considerado um exercício mental. Lidar com o desconforto e o cansaço do treino exige foco e resiliência.
Ao superar pequenos desafios, o corredor reforça a sensação de controle e autoconfiança, aspectos que costumam ser abalados em quadros ansiosos. A psicóloga do esporte Anna Vitória Renaux destaca que a corrida é um esporte pouco técnico, o que facilita a adesão e a percepção rápida de evolução.
O Colégio Americano de Medicina do Esporte recomenda pelo menos 150 minutos semanais de atividade física em intensidade moderada. Embora a corrida tenha um efeito evidente sobre a ansiedade, os especialistas reforçam que o “melhor exercício é aquele que você gosta de fazer”, garantindo que a prática seja constante e prazerosa.











































