O câncer de próstata se consolida como o tumor mais frequente entre homens no Brasil, exceto o de pele, e os números reforçam a necessidade da campanha Novembro Azul. A doença é responsável por 48 mortes diárias no país e o número de óbitos aumentou 21% em dez anos.
Apesar da alta taxa de mortalidade, o diagnóstico precoce pode levar a uma cura em mais de 90% dos casos.
Aumento de Casos em Homens Mais Jovens
Dados do Ministério da Saúde mostram uma tendência preocupante: o número de atendimentos por câncer de próstata no Sistema Único de Saúde (SUS) em homens com até 49 anos cresceu 32% entre 2020 e 2024. O volume saltou de 2,5 mil para 3,3 mil procedimentos.
O administrador Luciano Ferreira, de 50 anos, que foi diagnosticado com o tumor em 2022, é um exemplo da importância do rastreamento.
“Tive sorte e diagnóstico precoce. Estou há três anos em remissão. Hoje entendo que exame de rotina não é exagero, é cuidado com a vida”, resume Luciano, que não precisou de quimioterapia ou radioterapia.
O urologista Rafael Ambar, do HSPE, vê o aumento de atendimentos em jovens como um sinal positivo: “Mais exames e mais diagnósticos significam mais chances de cura”.
Silêncio da Doença e Mortalidade em Alta
O Brasil registrou 17.587 mortes por câncer de próstata em 2024, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). O urologista Luiz Otávio Torres, presidente da SBU, alerta: “O câncer de próstata é silencioso. Quando dá sintomas, geralmente já está em estágio avançado”.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 71,7 mil novos casos em 2025. O diretor-geral do INCA, Roberto Gil, associa o aumento dos casos diagnosticados ao envelhecimento da população e à ampliação do acesso a exames, e não a um risco maior de adoecimento.
Diagnóstico, Tratamento e Tabus
O diagnóstico é simples e combina o exame de sangue PSA (Antígeno Prostático Específico) com o toque retal. Os exames de rotina são recomendados a partir dos 40 anos para homens com histórico familiar e a partir dos 45 anos para os demais.
O tratamento varia conforme o estágio da doença, podendo incluir vigilância ativa, cirurgia (prostatectomia radical), radioterapia e, em casos avançados, hormonioterapia e quimioterapia. O oncologista Raphael Brandão, da Clínica First, aponta que, apesar de a nova geração de homens buscar mais a prevenção, a realidade de acesso a exames e especialistas ainda é desigual, especialmente no Norte e Nordeste.
Investimentos do SUS
O Ministério da Saúde anunciou um investimento de R$ 126 milhões até 2026 para ampliar o diagnóstico e tratamento oncológico no SUS. O plano inclui novos aceleradores lineares para radioterapia, carretas de atendimento e a criação do Super Centro Brasil de Diagnóstico de Câncer.
O urologista Roni de Carvalho Fernandes, da SBU, reforça que rastrear cedo é essencial, especialmente para homens negros, obesos ou com histórico familiar, visto que estudos projetam que o número de casos no mundo deve dobrar até 2040.









































