O Sistema Único de Saúde (SUS) foi apontado como exemplo mundial de política pública capaz de enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. A afirmação é da diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Agnes Soares, durante o programa Estúdio COP 30, transmitido pelo Canal Gov.
Segundo Agnes, o Brasil apresentará durante a COP 30 — Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontecerá em Belém (PA) — o Plano de Ação em Saúde de Belém, uma proposta voltada à adaptação dos sistemas de saúde aos impactos do clima em todo o mundo.
“Esse plano nasce da experiência do Brasil com a construção do SUS e com o Adapta-SUS, nossa proposta para preparar o sistema de saúde para os efeitos climáticos. O SUS é único, pela força, pela universalidade e pela participação popular”, destacou a diretora.
Saúde na agenda climática global
De acordo com Agnes, 277 doenças podem ser agravadas por fatores climáticos, como ondas de calor, enchentes e secas, e 58% das doenças infecciosas têm relação direta com o meio ambiente. Diante desse cenário, a saúde passa a ser um dos 30 objetivos estratégicos da COP 30, com foco na construção de sistemas resilientes às mudanças climáticas.
O Plano de Ação em Saúde de Belém, construído com a participação de outros países, universidades e movimentos sociais, será voluntário e terá medidas práticas em três eixos:
- Vigilância e Monitoramento em Saúde
- Políticas Baseadas em Evidências e Fortalecimento de Capacidades
- Inovação e Produção Sustentável em Saúde
Adapta-SUS e vulnerabilidade climática
Agnes ressaltou ainda o papel do Adapta-SUS, plano setorial que orienta a adaptação do sistema de saúde brasileiro aos impactos das mudanças climáticas entre 2025 e 2035. O programa mapeia os municípios mais vulneráveis e define prioridades para ações locais, como o fortalecimento do saneamento básico e a ampliação da cobertura de saúde nas comunidades em risco.
“O Brasil é diverso — temos desde a floresta tropical até áreas desérticas. É essencial reconhecer onde estão as populações mais vulneráveis: indígenas, ribeirinhos, quilombolas, moradores de periferias e pessoas em situação de rua. O impacto do clima é mais forte sobre quem já vive em desigualdade”, explicou Agnes Soares.
Atenção primária como pilar do sistema
A diretora também destacou a importância da Atenção Primária à Saúde na prevenção e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. O SUS conta atualmente com 42 mil unidades básicas de saúde, 44 mil equipes de saúde da família e mais de 1,2 mil equipes de atenção básica, responsáveis por atender 123 milhões de brasileiros.
“A Atenção Primária é a base do SUS, é onde tudo começa. Sem ela funcionando bem, é impossível sustentar um sistema de saúde forte e preparado para enfrentar o desafio climático”, concluiu.
Com o protagonismo do SUS e a apresentação do Plano de Ação em Saúde de Belém, o Brasil se posiciona como referência global na construção de políticas públicas que unem saúde, equidade social e justiça climática.







































