O Ministério da Saúde pretende ampliar o acesso ao medicamento Emicizumabe para crianças de até seis anos com hemofilia. A medicação, que já está disponível na rede pública para pacientes adultos, proporciona um tratamento menos invasivo e mais confortável.
O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em 24 de outubro de 2025, durante um evento no Hemocentro de Brasília, no Distrito Federal. Ele informou que o pedido será encaminhado à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec).
Mais conforto e adesão
A terapia tradicional para a hemofilia, que utiliza a reposição do Fator VIII, requer infusões diretas nas veias, processo que pode ser doloroso.
A brasiliense Joana Brauer, mãe de duas crianças com a forma grave da doença, conhece essa dificuldade. Ela relata que o filho é “furado quatro vezes por semana” para receber o tratamento.
O Emicizumabe, ao contrário, é aplicado por via subcutânea, como uma injeção sob a pele, de forma menos agressiva.
Além disso, a frequência de aplicação seria reduzida para apenas uma vez por semana, diminuindo a ocorrência de sangramentos. Segundo o Ministério, isso traz “autonomia e liberdade para as crianças e para as famílias”.
Impacto nas famílias
Joana Brauer, que também é ativista pelos direitos dos pacientes de hemofilia, celebrou o avanço. Ela enfatizou o impacto do tratamento mais fácil na adesão e na rotina familiar.
“Ampliar o medicamento para crianças vai trazer uma transformação imensurável. Estamos falando das mães e das crianças conseguirem, de fato, aderir ao tratamento”, afirmou Joana.
Ela destacou que mais de 80% dos cuidadores são as mães, e a necessidade de ir frequentemente ao Hemocentro leva muitas delas a desistirem de seus empregos.
A mudança também é crucial para as mães de crianças com outras condições, como autismo ou neurodivergência, que tornam o acesso venoso ainda mais complicado.
O Brasil como referência global
O ministro Alexandre Padilha ressaltou que, se aprovada a inclusão, o Brasil se tornará o maior país do mundo a fornecer a medicação gratuitamente via SUS. O medicamento já é usado no SUS para pacientes acima de seis anos que desenvolvem anticorpos contra o Fator VIII.
“Estamos gerando dignidade e conforto para as crianças”, declarou Padilha.
Ele apontou o alto custo do tratamento particular, que chega a variar de R$ 300 mil a R$ 350 mil por ano. O oferecimento pelo SUS representa um “grande investimento” em saúde pública.









































