Em uma era cada vez mais conectada, especialistas alertam que o equilíbrio entre tecnologia e convivência é essencial para uma infância saudável. Médicos e psicólogos reforçam que brincar, dormir bem, comer de forma equilibrada e reduzir o tempo diante das telas são atitudes fundamentais para o desenvolvimento das crianças.
A pediatra Renata Aniceto, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que o uso excessivo de telas mudou o comportamento das famílias. “Os pais também estão conectados o tempo todo. Isso afastou adultos e crianças, aumentando casos de ansiedade e depressão. Hoje, prescrevemos tempo de brincadeiras ao ar livre, vivências em casa e momentos de convivência real”, afirma.
De acordo com Renata, o excesso de telas prejudica a cognição, o foco e a memória das crianças, além de estimular o sedentarismo. A SBP recomenda que:
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Crianças de até 2 anos não usem telas, nem passivamente;
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De 2 a 5 anos, o limite seja de 1 hora diária, com supervisão;
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De 6 a 10 anos, 1 a 2 horas por dia;
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De 11 a 18 anos, no máximo 3 horas diárias e nunca durante a madrugada.
A psicóloga Ângela Uchoa Branco, da Universidade de Brasília (UnB), reforça que o brincar livre e as relações presenciais estimulam a criatividade, a empatia e o aprendizado. “Contar histórias, ler antes de dormir, brincar ao ar livre e conviver com outras crianças são práticas que fortalecem o desenvolvimento emocional”, diz.
Outro ponto essencial é o sono. Segundo Renata, o uso de telas à noite inibe a produção de melatonina e atrapalha o descanso. “Dormir bem é fundamental para o crescimento e a consolidação dos aprendizados. O sono é um momento em que o cérebro organiza as experiências do dia”, explica.
A especialista Lia Jamra, da ONG Vaga Lume, destaca a importância da leitura como alternativa às telas. “Ler para uma criança amplia seu repertório e fortalece vínculos. Na Amazônia, onde ainda há mais brincadeiras fora de casa, vemos infâncias mais livres e saudáveis”, afirma.
A professora Diana Barbosa Cunha, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), lembra que a alimentação também é determinante. “A introdução alimentar, a partir dos seis meses, é essencial para criar bons hábitos. Os pais devem dar o exemplo e priorizar alimentos naturais, como cereais, frutas e legumes, evitando ultraprocessados”, orienta.
Ela recomenda envolver as crianças na escolha e no preparo das refeições. “Levar os pequenos à feira e deixá-los ajudar no preparo dos alimentos desperta curiosidade e autonomia alimentar”, completa.
Para os especialistas, o segredo está no equilíbrio: menos tela, mais tempo em família, brincadeiras, sono e alimentação consciente. Um cuidado simples, mas poderoso, para formar adultos mais saudáveis e felizes.