Brasília, 11 de outubro de 2025 — O Brasil registrou em 2024 um aumento expressivo nos casos de coqueluche, com pelo menos 2.152 crianças menores de cinco anos infectadas, segundo dados do Observatório de Saúde na Infância. O crescimento representa mais de 1.200% em relação aos anos anteriores. Dentre os casos, 665 crianças precisaram ser internadas e 14 morreram, superando os registros do período entre 2019 e 2023.
A coqueluche é uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis, que pode ser prevenida por vacinação. Bebês devem receber três doses da vacina pentavalente aos 2, 4 e 6 meses, enquanto gestantes devem ser imunizadas com a DTPa para proteger os recém-nascidos.
Segundo a coordenadora do Observatório, Patrícia Boccolini, fatores como a retomada dos ciclos naturais da doença, desorganização de serviços de saúde e desigualdade na cobertura vacinal contribuíram para o aumento. Mais da metade dos casos ocorreu em crianças menores de um ano, que correspondem a mais de 80% das internações.
Dados do Ministério da Saúde indicam que mais de 90% dos bebês e 86% das gestantes receberam imunizantes contra a coqueluche em 2024, mas ainda abaixo da meta de 95%. Especialistas alertam que crianças mais velhas e adultos não vacinados podem transmitir a doença, embora os efeitos sejam mais graves nos menores.
O aumento de casos segue um padrão cíclico da doença, observado globalmente. A Organização Panamericana de Saúde (Opas) registrou, nos primeiros sete meses de 2025, mais de 18 mil casos e 128 mortes em nove países das Américas.
O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, reforça a importância da vacinação das gestantes como principal medida de proteção aos bebês nos primeiros meses de vida. Patrícia Boccolini alerta para a necessidade de conscientização da população sobre a gravidade da coqueluche e a importância de manter a cobertura vacinal elevada.