Passados mais de dez anos desde os primeiros casos no Brasil, a chikungunya continua sendo uma grande preocupação para o país. A reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia (Sobare), alertou para os desafios no controle da doença, destacando a falta de saneamento básico e a escassez de ambulatórios públicos para o acompanhamento dos pacientes. O alerta foi feito durante o Congresso Nacional de Reumatologia em Salvador.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) também demonstrou preocupação com surtos da chikungunya na América do Sul, com o Brasil tendo o maior número de casos registrados em 2025. Segundo o Ministério da Saúde, o país já registrou 121.803 casos e 113 mortes pela doença neste ano. Viviane Machicado Cavalcante explicou que o vírus se espalhou por todo o país, com o Nordeste sendo o epicentro inicial e estados como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul apresentando um grande número de casos mais recentemente.
Vacina e desafios para a prevenção
Apesar de o Instituto Butantan ter desenvolvido uma vacina, que chegou a ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a sua comercialização e uso no Brasil podem ser reavaliados. Isso porque, em agosto, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, suspendeu a licença do imunizante após relatos de efeitos adversos graves, como encefalite idiopática, que culminaram em hospitalizações e mortes.
Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue e do zika, a chikungunya pode causar febre alta, dores nas articulações e musculares, e, em casos graves, dor crônica que pode durar anos. A principal forma de prevenção ainda é o combate ao mosquito, eliminando os locais de água parada, onde ele se reproduz.