Um projeto inovador está utilizando a tecnologia para aprimorar cirurgias cardíacas infantis no Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa, chamada Projeto Congênitos, conecta médicos do Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo, a hospitais em Manaus, Recife e Fortaleza. O objetivo é que os profissionais do Hcor orientem cirurgiões à distância, em tempo real, melhorando o tratamento de cardiopatias congênitas.
O Projeto Congênitos já está em ação e atende crianças como a pequena Laura, de apenas sete meses. Ela foi uma das primeiras pacientes a passar por uma cirurgia com o acompanhamento remoto da equipe do Hcor. A cardiologista pediatra Geni Medeiros, do Hospital Infantil Albert Sabin em Fortaleza, explica que a teleorientação permite o monitoramento completo do paciente e do procedimento cirúrgico, com a equipe de especialistas do Hcor oferecendo sugestões e discutindo as melhores práticas.
A demanda por cirurgias e o benefício do projeto
O Ministério da Saúde estima que cerca de 30 mil crianças nascem anualmente no Brasil com cardiopatia congênita, e 80% delas precisarão de cirurgia. Metade desses procedimentos é necessária no primeiro ano de vida. No entanto, muitos hospitais não têm a capacidade de realizar cirurgias de alta complexidade, o que gera atrasos e sobrecarrega os centros de referência.
A líder médica de Cardiologia Pediátrica do Hcor, Ieda Jatene, afirma que a teleorientação permite que os hospitais participantes do projeto, como o Hospital Francisca Mendes em Manaus e o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira em Recife, aprimorem suas técnicas para tratar casos de alta complexidade, diminuindo a necessidade de transferências. Fazer a cirurgia no momento certo e com a técnica correta garante uma melhor qualidade de vida para as crianças, evitando complicações e internações repetidas.
O projeto é realizado através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS). Os três hospitais das regiões Norte e Nordeste foram escolhidos por sua relevância e por estarem em áreas com deficiência de serviços de cardiologia infantil. A meta é realizar 60 cirurgias teleorientadas até o próximo ano.