Um estudo recente sugere que a vacina contra herpes-zóster, popularmente conhecida como “cobreiro”, pode atuar como uma nova ferramenta na prevenção de doenças cardiovasculares graves. A pesquisa, apresentada no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, mostrou que adultos de 18 a 50 anos vacinados tiveram uma redução de 18% no risco de acidentes vasculares cerebrais (AVC). Já em pessoas com mais de 50 anos, a diminuição foi de 16%.
O levantamento, liderado pelo médico Charles Williams, da biofarmacêutica GSK, analisou 19 estudos sobre o tema. As evidências apresentadas reforçam uma nova abordagem da Sociedade Europeia de Cardiologia, que considera a vacinação como um pilar adicional na prevenção de doenças cardíacas, ao lado de medicamentos tradicionais.
Associações e Precauções
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, reforça que a associação entre infecções virais e eventos cardiovasculares já acumula evidências científicas. Ele cita a vacina contra a gripe como exemplo, que também ajuda a reduzir riscos de problemas cardíacos. “Evidências vão se acumulando, também, em relação à vacina do Zoster, que é um precipitador de eventos cardiovasculares”, afirma.
Entretanto, Kfouri destaca a necessidade de mais estudos para confirmar o papel exato da vacina nessa prevenção, separando a sua eficácia de outros fatores de risco, como obesidade e diabetes. O herpes-zóster é causado pelo mesmo vírus da catapora, que pode reativar no sistema nervoso, invadir vasos sanguíneos e levar a complicações.
Vacina no Brasil
No Brasil, a vacina contra herpes-zóster está disponível apenas na rede privada, com custo total que pode chegar a R$ 2 mil por pessoa, já que são necessárias duas doses. O Ministério da Saúde solicitou à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) uma avaliação técnico-científica para a possível inclusão do imunizante no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda não há um parecer técnico.