Especialistas e ativistas alertam sobre a falta de informação acerca da leishmaniose, uma doença zoonótica que afeta seres humanos e animais. O tema é o foco do 1º Fórum Transacional de Zoonoses – Direito ao Tratamento, realizado nesta quarta-feira (20), no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ), no Rio de Janeiro. O evento faz parte da campanha Agosto Verde, que busca conscientizar a população sobre a doença.
Dados da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS Rio) indicam que, em 2024, a cidade registrou 386 casos de leishmaniose em cães, e 80 até março de 2025. A presidente da Associação Brasileira de Saúde e Causa Animal (ABRAESCA), Tifanny Barbara Cotta Pinheiro Pires, alerta para a subnotificação de casos em animais, muitas vezes motivada pelo medo de tutores de que seus pets sejam sacrificados.
Falta de tratamento e conscientização
Tifanny reforça que o desconhecimento sobre a doença é um grande problema. “Tem um desconhecimento muito grande em relação à doença e uma falta de notificação nos animais”, afirmou. Ela destacou que o ciclo da doença envolve não apenas cães, mas também animais silvestres como gambás e preguiças, além do mosquito-palha, o principal vetor.
A médica veterinária explica que o tratamento é viável e eficaz. Em alguns municípios, como Florianópolis, ele é gratuito. Segundo a especialista, um animal tratado para de transmitir a doença, o que reforça a importância de que os tutores busquem auxílio em vez de optarem pela eutanásia.
O fórum reúne representantes de diversas instituições, como Anvisa e Ministério Público, para debater protocolos de tratamento e estratégias de prevenção. Os especialistas defendem a criação de políticas públicas para o combate e o tratamento da leishmaniose, com base no conceito de “saúde única”, que integra a saúde de humanos, animais e meio ambiente.