Um novo método de diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA), aprovado nos EUA, utiliza o monitoramento ocular para identificar o transtorno em bebês de 14 a 30 meses. Durante o exame, que dura apenas 15 minutos, a criança assiste a vídeos enquanto seus olhos são rastreados para analisar seu comportamento de observação. Embora a técnica, desenvolvida pelo brasileiro Ami Klin, possa acelerar o diagnóstico, médicos no Brasil alertam para as ressalvas em utilizar um único biomarcador para uma condição tão complexa.
O psiquiatra Guilherme Polanczyk explica que o TEA é um transtorno heterogêneo e o diagnóstico tradicional é clínico e multidisciplinar. Ele ressalta que, embora a falta de contato ocular seja um sinal comum em crianças com autismo, ela não se aplica a todos os casos e pode ser um sintoma de outras condições.
Inovação e cuidados
O psiquiatra da USP também destaca que o novo método, por ter sido avaliado em uma amostra específica, precisa de validação em outros contextos e com diferentes populações antes de ser amplamente utilizado. A comunidade médica se preocupa que a disseminação de uma ferramenta de diagnóstico sem o devido treinamento dos profissionais e intervenções adequadas possa causar danos.
O neuropediatra Carlos Gadia, especialista no assunto, reforça a importância de investigar a falta de respostas ou a perda de habilidades em crianças pequenas. Ele enfatiza que o tratamento do TEA se baseia em intervenções comportamentais e fonoaudiológicas e que a participação da família é essencial para o desenvolvimento da criança.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento a pessoas com TEA por meio da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, que possui 577 unidades em todo o país. O Censo do IBGE de 2022 aponta que 2,4 milhões de brasileiros foram diagnosticados com o transtorno.