A febre oropouche já se espalha por todo o país e, atualmente, o Espírito Santo (ES) é recordista no número de casos, com pouco mais de 6 mil. Neste momento, os estudos têm como foco entender como o avanço da doença pelo Brasil e buscar um tratamento, já que a população não é imune à doença.
Autoridades de saúde ligadas ao governo brasileiro buscam entender o que pode ter levado à proliferação de casos da Oropouche pelo Brasil. Até 2023, segundo pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, os registros dessa doença, cujo vetor é o mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, eram exclusivamente da região norte, ou seja, da Amazônia.
Nos seis primeiros meses de 2025, a ocorrência da febre oropouche foi confirmada em 18 unidades federativas brasileiras, totalizando aproximadamente 12 mil casos, dos quais cinco resultaram em óbito e dois permanecem sob investigação. Há a expectativa de que os números de registros e óbitos superem os casos confirmados no ano de 2024.
Estudos realizados pelo Instituto Oswaldo Cruz mostram que os casos que se multiplicam pelo país integram uma nova linhagem do vírus. É o que afirma o chefe do Laboratório de Arbovírus e Hemorrágicos do órgão, Felipe Naveca. De acordo com o pesquisador, “os casos que se proliferam no Brasil foram causados por uma nova linhagem do vírus, que surgiu no Amazonas, circulou pela Região Norte e depois se espalhou.”
O pesquisador também associa a doença ao aumento recente do desmatamento na Amazônia, especialmente em áreas ao norte de Rondônia e no sul do Amazonas, que inclusive contribuíram para a disseminação do vírus. “E nós também conseguimos mostrar que esse cenário está muito relacionado com algumas áreas de desmatamento recente, principalmente no sul do Amazonas e no norte de Rondônia, que serviram como pontos cruciais para dispersão desse vírus. Aí pessoas infectadas acabaram levando para fora da Região, porque depois que ela é infectada pelo vírus, leva um tempo até manifestar os sintomas”, complementa Naveca.