O Brasil deu um passo significativo no combate a doenças como dengue, chikungunya e zika. Neste sábado, 19 de julho de 2025, o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP) inauguraram a Wolbito do Brasil, considerada a maior biofábrica do mundo especializada na criação do mosquito Aedes aegypti inoculado com a bactéria Wolbachia. Essa bactéria impede o desenvolvimento dos vírus responsáveis por essas arboviroses.
Capacidade e Abrangência
Com uma equipe de 70 funcionários, a biofábrica tem a capacidade de produzir impressionantes 100 milhões de ovos de mosquito por semana. Inicialmente, a unidade atenderá exclusivamente o Ministério da Saúde, que será responsável por selecionar os municípios para a implementação do método Wolbachia, baseando-se nos mapas de incidência das doenças transmitidas pelo Aedes.
O método Wolbachia, que promete uma redução drástica na transmissão de doenças e nos custos de tratamento, tem sido testado no Brasil desde 2014, com liberações iniciais nos bairros de Tubiacanga (Rio de Janeiro) e Jurujuba (Niterói).
Expansão e Próximos Passos
O uso da Wolbachia já foi expandido para seis outras cidades: Londrina e Foz do Iguaçu (PR); Joinville (SC); Petrolina (PE); e as capitais Belo Horizonte (MG) e Campo Grande (MS). Atualmente, o método está em fase de implantação em Presidente Prudente (SP), Uberlândia (MG) e Natal (RN).
Os próximos municípios a receberem a tecnologia são Balneário Camboriú e Blumenau (SC), além de novas áreas em Joinville (SC); Valparaíso de Goiás e Luziânia (GO); e Brasília (DF). A Wolbito do Brasil informa que a implementação nessas cidades está na fase de comunicação e engajamento da população, com a liberação dos mosquitos prevista para o segundo semestre.
A biofábrica enfatiza que o método Wolbachia não utiliza mosquitos transgênicos e atua de forma complementar a outras estratégias de controle, reforçando a necessidade da população em manter os cuidados básicos para eliminar os criadouros de insetos.
Tecnologia e Economia
O Instituto de Biologia Molecular do Paraná, parceiro na biofábrica, foi criado a partir de uma colaboração entre o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que participou da inauguração, destacou que a fábrica “coloca o Brasil, por meio dessa associação da Fiocruz com o Tecpar, aqui no Paraná, na linha de frente dessa tecnologia para todo mundo”.
O método, presente em 14 países, consiste em liberar mosquitos inoculados com a Wolbachia no ambiente. Eles se reproduzem com a população local de Aedes aegypti, gerando descendentes que também carregam a bactéria e, consequentemente, têm menores chances de transmitir dengue, chikungunya ou zika para humanos.
Cientistas descobriram que as Wolbachias, bactérias presentes em mais da metade dos insetos do mundo, podem impedir a multiplicação de arbovírus no Aedes, ao mesmo tempo em que conferem uma vantagem reprodutiva aos mosquitos infectados. A Fiocruz estima que, para cada R$ 1 investido nessa tecnologia, o governo poderá economizar entre R$ 43,45 e R$ 549,13 em medicamentos, internações e tratamentos.