A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma recomendação histórica nesta segunda-feira (14): o uso do lenacapavir, um antirretroviral de ação prolongada, para prevenir a infecção pelo HIV. A decisão, segundo a OMS, pode “reformular a resposta global ao HIV”.
Nova Abordagem na Prevenção
Em um comunicado com novas orientações, a OMS destaca que o lenacapavir injetável, administrado a cada seis meses, oferece uma alternativa eficaz e de longa duração aos comprimidos orais diários e outras opções de ação mais curta. Com apenas duas doses anuais, o medicamento “representa um passo transformador na proteção das pessoas em risco” de infecção pelo HIV. Isso é especialmente relevante para aqueles que enfrentam desafios com a adesão diária ao tratamento, o estigma ou o acesso a cuidados de saúde.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, afirmou que, embora não haja uma vacina contra o vírus, o lenacapavir é “a segunda melhor coisa”. Ele ressaltou que o antirretroviral demonstrou em ensaios clínicos prevenir quase todas as infecções por HIV entre pessoas em risco, e a OMS está empenhada em garantir que essa inovação chegue às comunidades de forma rápida e segura.
Contexto da Recomendação e Cenário Global
As novas orientações da OMS chegam em um “momento crítico”, com os esforços de prevenção estagnados e o registro de 1,3 milhão de novos casos em 2024. A organização estima que, no final de 2024, havia 40,8 milhões de pessoas com Aids no mundo, sendo 65% na África. Cerca de 630 mil pessoas morreram globalmente de causas relacionadas ao HIV naquele ano.
O Programa das Nações Unidas para o HIV/Aids (Unaids) alertou na semana passada que cortes no financiamento dos Estados Unidos para prevenção e tratamento podem resultar em seis milhões de novas infecções e mais quatro milhões de mortes até 2030.
Na União Europeia, o lenacapavir já é utilizado, em conjunto com outros fármacos, para tratar adultos com HIV resistente a outros tratamentos. O medicamento é comercializado como Sunlenca em comprimidos e solução injetável. Os Estados Unidos aprovaram em junho o uso da forma injetável semestral para prevenção do HIV, sob a marca Yeztugo.